terça-feira, 30 de outubro de 2012

Casa Comigo!

- Olhem só o que encontrei no depósito da lanchonete! disse Katie, colocando sobre a mesa um pacote de balas em formato de coração. Sobremesa! concluiu ela.

- Ah, mas essas balas são muito velhas! comentou Trícia. Quero dizer, esta lanchonete é nova, né? Mas não estão vendendo mais docinhos do Dia dos Namorados. Agora, em todo lugar, só tem balas com motivos natalinos. Não quero nem saber de onde elas são. 

- Do Galpão da Economia, replicou logo o Ted, abrindo o pacote e derramando na mesa os corações. Estive lá hoje e tinha uma caixa cheia dessas balas logo na entrada. Agora é a melhor época de comprá-las. 

- Comprar, tudo bem, insistiu Trícia, mas chupar? Acho que não. 

E assim dizendo, ela pegou uma das balas e leu uma mensagem gravada nela. 

- “Passe-me um fax”, leu. Passe-me um fax? Desde quando começaram a escrever isso nessas balas? Sempre achei que eles punham frases como: ‘Ama-me”, “Seja fiel”, etc. 

Em seguida, ela pegou outra balinha e leu: 

- “Beije-me!” 

- Beijo, sim! disse Douglas, que, em seguida, puxou a esposa para si e plantou-lhe um sonoro beijo nos lábios. 

Trícia deu uma risadinha infantil. Até parecia que era a primeira vez que ganhava um beijo. Cris sorriu ao ver os dois amigos tão apaixonados um pelo outro. 

- Olhem este aqui, interpôs Katie. “Chama-me pelo alto-falante”. 

Todos os presentes começaram a ler as mensagens de sua bala. Douglas pegou uma que dizia: “Mande-me um e-mail”. 

- Esta aqui deve ser do pacote interativo, comentou. 

Ted pegou um coraçãozinho e colocou-o diante dos olhos de Cris, como que querendo provar o que Douglas acabara de di­zer. Na bala estava escrito: “Casa comigo.” 

A jovem leu e em seguida ergueu os olhos para Trícia. 

- Puxa, disse, não dá pra acreditar nas frases que eles escrevem hoje em dia. Estou com você, Trícia. Antigamente eles punham: “Seja doce comigo”, e coisas assim. 

- Olhem só, falou Katie, lendo: “Doces lábios”. 

- Quero essa aí, disse Trícia. 

- O que você ‘tá fazendo? indagou Katie. ‘Tá formando uma sentença de balas? 

- Claro. Tente fazer uma. 

- Aqui pra você, Trícia, disse Cris. Achei outra “Chama-me pelo alto-falante”. 

Ted colocou outra balinha à frente de Cris. Nela estava gravado: 

“Casa comigo.” 

- Acho que já temos uma dessas, disse a jovem, afastando-a para um lado e procurando uma que tivesse algo que ninguém havia lido ainda. 

Ted também se pôs a procurar. Por fim, ele pegou uma bala, levantou-se e foi para o outro lado da mesa, ficando junto de Cris. Em seguida, colocou a terceira balinha perto das outras duas que já havia dado para ela, formando uma fileira de três. 

- Pronto. Depois que se diz algo três vezes, aquilo fica valendo. Pra sempre. 

Cris ficou paralisada. Só conseguia ver as três balas enfileiradas diante de seus olhos. E em todas elas estava escrito: 

“Casa comigo. Casa comigo. Casa comigo.” 

Virou-se para o namorado que nesse momento se abaixou, apoiando um dos joelhos no chão e pegando as mãos dela nas suas. Fitou-a diretamente nos olhos e disse: 

- Kilikina, minha Kilikina, quer casar comigo? 

A voz dele era como uma cachoeira que caía sobre Cris. 

- Sim! replicou ela sem um minuto de hesitação. Sim, repetiu um pouco mais alto. 

Em seguida, falou uma terceira vez, com toda firmeza e em meio a uma cascata de lágrimas: 

- Sim, meu Ted, eu me caso com você! 

Durante alguns segundos, foi como se o mundo todo tivesse parado, e os dois ficaram imóveis. Não respiravam, nem piscavam, nem se mexiam. Estavam imersos um na alma do outro. O único som que Cris escutava era de um coração batendo. Contudo não sabia ao certo se era o seu ou o do Ted. Os dois pareciam bater em uníssono. 

- Que é que você ‘tá fazendo aí, Ted? indagou Katie. Deixou uma bala cair aí no chão? Ainda tem muitas aqui. 

O rapaz não se mexeu. Cris sorriu. 

"Ninguém sabe de nada. O Ted acaba de me pedir em casamento, mas ninguém sabe disso ainda. É um segredo só nosso". 

Katie deu uma espiada para a fileira de balas que estava perto de sua amiga e soltou um grito como somente Katie era capaz de soltar. Aí o segredo de Cris e Ted foi descoberto. Todos os presentes pararam de conversar e até de comer. Os dois cantores que tocavam violão também interromperam a música. 

- Finalmente! exclamou Katie em voz bem alta. 

E assim dizendo, ela se pôs de pé e gritou: 

- Ei, pessoal! Preciso fazer uma comunicação a todos! Mi­nha melhor amiga aqui foi pedida em casamento! 

Imediatamente todos cercaram Cris e Ted, abraçando-os e dando-lhes os parabéns. E Katie indagou à amiga: 

- O que você respondeu? 

- Eu disse “Sim”! replicou a jovem num tom firme.

- Trecho do Livro "Como Quiseres, Senhor - Série Cris e Ted 02", de Robin Jones Gunn.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Como Rebanho de Cabras

Naquela noite, ao jantar, Mark comunicou à turma que decidira convidar uma colega da sua turma de Geologia para sair com ele na sexta-feira anterior ao recesso de Natal. E foi pedir conselhos a Cris e Katie. 

- Bom, ainda faltam dez dias, principiou Katie. Mas você deve conversar com ela pelo menos nesta sexta, pois, num primeiro encontro assim, é bom ter uma semana de antecedência. (...)

- E aonde vai levá-la pra jantar? indagou Selena. 

- Estou pensando nessa cafeteria nova que abriram em Murrieta, replicou o rapaz. Chama-se “Ninho da Pomba”. Fica ao lado de uma livraria que se chama “A Arca”. Nos finais de semana lá, eles têm música ao vivo. (...)

- Você se importa se eu for também? perguntou Ronny.

Este fitou-o com um olhar estranho. 

- Quero dizer, eu posso convidar uma menina pra ir comigo, se for o caso. Só quero conhecer essa cafeteria. 

- Ah, que negócio é esse de convidar uma menina pra ir com você se for o caso? interveio Selena, dando um leve murro no braço do seu colega. 

O rapaz dirigiu-lhe um sorriso com a boca meio torta, que era sua marca registrada. 

- ‘Tá querendo dizer que você vai comigo? indagou ele para a colega. 

- Não, seu “panaca”, que não entende as coisas. Convide a Vicki! 

Cris sabia que Vicki, a colega de quarto da Selena, sempre queria receber atenção dos rapazes do campus. 

- Mas será que ela ainda conversa comigo? perguntou Ronny. 

- Só tem um jeito de ficarmos sabendo, explicou a colega. É se você a convidar pra sair. 

Ronny inclinou a cabeça de lado e fitou a amiga com uma expressão meio tímida. 

- Você pode convidá-la pra mim? pediu. 

- Oh, seu medroso! exclamou Selena. 

- O que é que há com vocês, rapazes? interveio Katie. Parece que têm medo de nós, as garotas! (...)
- Estou falando sério, gente, insistiu Katie. Por que não há homens nesta escola... Não; vou mudar. Por que não há homens no mundo que saibam iniciar um relacionamento com uma mulher? 

- De que é que ela ‘tá falando? indagou Selena, olhando para Cris. 

- Pois vou lhe dizer do que estou falando, replicou Katie. Estou falando de namoro sério, de correr riscos, de homens que não têm medo de ser homens. Estou falando de homens que não têm medo de se aproximar ousadamente de uma moça e lhe dizer: “Os teus cabelos são como o rebanho de cabras. Quer sair comigo hoje?” 

Cris soltou uma risada e os outros riram também. Ela não sabia se todos eles entendiam que sua colega estava fazendo referência a um texto de Cântico dos Cânticos. 

- E pode mandar flores também, mas isso é opcional, continuou Katie em meio ao rumor dos risos que já iam diminuindo. 

- Sabe o que mais? interpôs Mark. Você tem razão. Vou procurar a Jenna agora mesmo e convidá-la pra sair comigo. 

- Não vai querer que todos nós vamos juntos né? perguntou Selena em tom de brincadeira. 

Os olhos do rapaz brilharam e ele se virou para a colega. 

- Excelente idéia! exclamou. Assim, em vez de só eu e o Ronny arranjarmos esse encontro de duplas, que ia ser meio estranho, todos vocês poderiam ir também. Aí eu digo pra Jenna que é a turma toda que vai lá. Desse modo, nem vai ficar parecendo que estamos tendo um encontro. 

-Ah, você não tem jeito! disse Katie. Aqui estou eu, tentando lhe dar um conselho sábio e você vira e chama todo mundo pra servir de “isca” pra moça, e seu encontro fica mais ou menos “disfarçado”. 

- Você não é “isca” não, Katie, replicou Mark, olhando com uma expressão de admiração. 

E aqui ele se debruçou ligeiramente sobre a mesa e, embora todos estivessem ouvindo suas palavras, ele se dirigiu unicamente a ela. 

- Você, continuou ele, é uma jovem muito especial e tenho certeza de que, algum dia, vai aparecer um homem que tem um encanto e um jeito espirituoso igual ao seu. Contudo acho que você já pensou nisso, esse cara não pode ser um rapaz do interior, como eu. 

- Ah, bobagem! replicou ela. Eu achava que só um rapaz do interior ia saber dizer essa frase sobre o rebanho de cabras. 

- Este rapaz do interior aqui não sabe. 

- Não, retorquiu a moça, você não. 

Katie disse isso com tanta ternura que Cris logo compreendeu que Mark e sua amiga tinham uma amizade muito profun­da.

- Trecho do Livro "Como Quiseres, Senhor - Série Cris e Ted 02", de Robin Jones Gunn.

domingo, 28 de outubro de 2012

Também Te Amo, Kilikina!

Cris continuou com o olhar fixo no namorado que caminhava em sua direção. Nesse instante, compreendeu, tanto com a mente como com o coração, que nunca mais se esqueceria dessa imagem do rapaz vindo ao seu encontro na praia. Nunca perderia a visão desse homem que, duas semanas atrás, passara bem perto da morte, mas agora estava bem vivo e bem apaixonado por ela. 

- Hmm, que cheiro bom! exclamou ele, parando junto ao fogo. 

Cris achou engraçado o fato de que as primeiras palavras dele, numa ocasião tão significativa como aquela, tivessem sido tão corriqueiras. 

- Eu te amo! disse ela de sopetão. 

Imediatamente ela tapou a boca. Ela pensara dizer: '"É o bacon!" Entretanto seu coração estava tão cheio de amor pelo Ted que a declaração simplesmente escapou quase sem ela o querer. 

O rapaz foi se abaixando lentamente e se sentou perto dela, no velho cobertor. Largou a garrafa e as canecas, e ficou a fitá-la fixamente como se não conseguisse acreditar no que ouvira. Pela expressão do rosto, dava a entender que queria que ela repetisse o que dissera. 

Cris tirou a mão da boca e fitou aqueles profundos olhos azuis. Respirou fundo e “mergulhou” na alma dele. 

- Eu te amo! repetiu, num tom lento e bem determinado. Eu te amo, Ted. 

- É, achei que era isso mesmo que você havia dito, comentou o rapaz com voz emocionada, e continuou: Também te amo, Kilikina!

Lenta e ternamente os dois se aproximaram e seus lábios se encontraram num beijo. Cris se sentiu ainda mais cheia de amor por ele. Quando se separaram, esse sentimento como que transbordou pelos seus olhos e escorreu pelo seu rosto sorridente. 

Ted limpou as lágrimas dela com mão firme. Em seguida, colo­cou a mão molhada no peito, bem na direção do coração. Cris viu que ele queria dizer que guardara as lágrimas dela no coração. Ela estendeu a mão e tocou de leve nos lábios dele. O rapaz segurou-a e deu um longo beijo na palma. A jovem soltou sua mão da dele, e colocou-a sobre o próprio coração. 

- Eu te amo! murmurou, com um sussurro leve mas firme. 

Ted abriu mais o sorriso. 

- Você sabe o que se diz acerca de uma declaração assim, não é? Quando alguém faz uma afirmação, repetindo-a três vezes, ela fica valendo pra sempre. 

Cris fez que sim. Contudo não sabia se ele estava era lhe dando uma chance de voltar atrás. Na verdade, porém, nada faria com que ela mudasse sua declaração. E o rapaz sabia muito bem o que aquelas palavras significavam para ela, para ele e para o futuro de ambos. Seu juramento estava confirmado na presença de Deus. 

- Eu te amo! repetiu firmemente, destacando cada palavra. Dessa vez, porém, deu uma risadinha alegre no fim da frase.

- Trecho do Livro "Como Quiseres, Senhor - Série Cris e Ted 02", de Robin Jones Gunn.

sábado, 27 de outubro de 2012

Mensagens Que Falam: Como Quiseres, Senhor - Série Cris

Eu não preciso ficar fantasiando e tendo essas idéias tipo “Será que...” Só preciso mesmo é perguntar a Deus: “Qual o próximo passo que tenho de dar?” [Cristina Juliet Miller]

Posudo. A primeira vez que ouvi essa palavra foi em relação ao surfe. O “posudo” é uma pessoa que age como se soubesse surfar, mas nunca sobe na prancha. Sabe como é? Ele põe adesivos sobre surfe no carro. Veste camisetas com frases sobre ele. Conversa sobre a altura das ondas que viram na semana passada, mas nunca surfam. Apenas querem que todo mundo pense que eles praticam o esporte. [Kate Weldon] 

Nem sempre entendo teus planos, Senhor! Nem sempre concordo com teus métodos, mas gosto muito quando nos presenteia com surpresas agradáveis. [Ted Spencer]

Sei que Deus está comigo, o tempo todo. Ele tem me transformado. Estou aprendendo a confiar mais nele em todas circunstâncias. Em todas as decisões da minha vida. [Cristina Juliet Miller]

Rick aproximou-se e também dirigiu um sorriso afetuoso para Cris. Inclinou-se para a jovem e lhe deu um beijo no rosto.
- Você esperou um herói e o conquistou, disse o rapaz, falando-lhe ao ouvido. Parabéns, "olhos de matar"!

- Trecho do Livro "Como Quiseres, Senhor - Série Cris e Kate 02", de Robin Jones Gunn.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Uma Amiga Especial

Espero que nunca mais me esqueça da lição que aprendi hoje. Na vida, algumas das coisas que resolvo desbravar não são tão interessantes como eu achava que seriam. 

E tomara que eu sempre conte com duas coisas, sempre que minhas expectativas se frustrarem. Primeiro, uma amiga especial com quem possa rir a valer da minha decepção e, segundo, dinheiro suficiente para pegar o ônibus que me levará à etapa seguinte da aventura. (Cristina Juliet Miller)

- Trecho do Livro "Até Amanhã - Série Cris e Ted 01", de Robin Jones Gunn.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Quando Percebo Que Deus Está no Controle de Tudo...

Quando percebo que Deus é quem está no controle de tudo, e não eu, é difícil sentir ciúmes dos outros. 

Se o Senhor resolver abençoar o sicrano mais do que a mim, quem sou eu pra lhe dizer que ele está sendo injusto? 

Será que, quando alguém passa por dificuldades, nós viramos pra Deus e dizemos que ele não está sendo justo conosco? que não está nos dando o mesmo tanto de lutas? (Ted Spencer)

- Trecho do Livro "Até Amanhã - Série Cris e Ted 01", de Robin Jones Gunn.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Em Todos os Estágios da Vida

- Sabe, disse Kate, o que realmente quero é confiar mais em Deus com relação a essa área da minha vida. E estou aprendendo isso um pouco melhor agora. Não foi você que me disse que Deus dá o melhor àqueles que deixam a escolha por conta dele? 

- Não sei. Talvez eu tenha falado algo assim. Mas isso ‘tá parecendo coisa do Ted. (Disse Cris)

- Eu quero confiar mais em Deus, disse Katie corajosamente. 

- Que engraçado! Eu tenho afirmado o mesmo pra mim durante esta viagem. Tenho a tendência de achar que sei o que é melhor pra minha vida, ou o que irá acontecer no futuro. Mas a verdade é que não sei de nada. Só Deus, mesmo. 

Katie levantou o olhar e sorriu para Cris, segurando o pequeno buquê de florzinhas. 

- Acho que não faz muita diferença em que estágio da vida estamos, né mesmo? Com um namorado ou sem ninguém. 

- Com um diploma universitário, ou não, acrescentou Cris logo em seguida. 

Katie acenou, concordando. 

- O que temos de fazer é “soltar as rédeas e deixar que Deus assuma o controle”, como dizem por aí. Sabe, Cris, fico muito feliz por termos a amizade uma da outra durante esta viagem. A viagem da vida, digo, e não apenas este passeio aqui pela Europa. Acho que estaria pirada hoje, se não pudesse contar com você, o Ted e todos os nossos amigos. Vocês são o meu círculo de sanidade mental.

- Trecho do Livro "Até Amanhã - Série Cris e Ted 01", de Robin Jones Gunn.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Vindo Direto do Mar

- Vocês acham que amor à primeira vista é papo furado? Perguntou Kate 

Ted passou a mão no queixo, como se tentasse segurar para não rir. 

- Qual é a graça? perguntou Cris. 

Ted olhou para Katie. 

- Tudo que posso afirmar é que, quando vi a Cris, eu soube, disse ele, desviando o olhar para a namorada. 

- Soube o quê? perguntou Katie. 

- Soube que ela era o presente de Deus pra minha vida e que eu nunca pensaria em namorar outra garota, replicou ele, em tom grave e emocionado. 

Por um momento, Cris se sentiu arrebatada pelas palavras românticas de Ted. Ele nunca havia falado nada assim para ela. Entretanto, pouco depois, começou a duvidar de que ele estivesse falando sério. Poderia era estar fazendo uma tremenda brincadeira com a sua cara! 

- Você não soube coisíssima nenhuma! exclamou ela, batendo na perna dele. A primeira vez que você me viu eu tinha acabado de ser derrubada por uma onda gigantesca, indo parar na praia coberta de algas marinhas. 

- Minha “Pequena Sereia”, disse Ted, sorrindo para Cris. O presente de Deus pra mim, vindo diretamente do mar.

- Trecho do Livro "Até Amanhã - Série Cris e Ted 01", de Robin Jones Gunn.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Andando de Mãos Dadas Por Ruas de Pedras

Ted pegou sua mão e apertou-a. 

- Era exatamente assim que eu havia imaginado que nossa viagem seria, disse ele. 

- Eu também. Nós dois, andando de mãos dadas por estas ruas de pedra, carregando nossas bagagens e curtindo a companhia um do outro. 

- É como se fosse a coisa certa na hora certa, né? disse ele. É perfeito. Eu e você aqui, sem nos preocuparmos em adivinhar o que virá amanhã. Apenas desfrutando das misericórdia que o Senhor derrama sobre nós hoje. 

Foi então que Cris sentiu novamente aquela doce paz a lhe envolver. Tanto ela quanto Ted estavam sob aquele manto invisível. E ela sabia que fora ela quem saíra de debaixo daquela proteção. 

- Por favor, não vamos mais falar sobre aquele papo de terminar o namoro, ‘tá bem? disse Ted. Acho que meu coração não aguentaria. 

- Nem o meu, disse Cris, apertando a mão dele. 

Ted parou por um momento e, olhando fundo nos olhos de Cris, sob o brilho dourado da noite, disse: 

- Promete, então? 

- Prometo, respondeu Cris com um sorriso. 

Ficaram parados na rua estreita e acidentada, de mãos dadas, olhando um para o outro atentamente, como se procurassem gravar na memória os mínimos detalhes daquele momento. 

Então uma doce brisa soprou sobre eles, envolvendo-os num círculo de quietude e paz. De repente, todas as dúvidas que Cris trazia no coração se dissiparam. Naquele momento, ela sentiu que havia mudado. Não era mais uma adolescente, cujos sentimentos pareciam estar constantemente numa montanha-russa, cheia de altos e baixos. Era uma mulher. E, como tal, sabia que, independentemente do que acontecesse no futuro, amaria para sempre o homem que tinha diante de si naquele instante.

- Trecho do Livro "Até Amanhã - Série Cris e Ted 01", de Robin Jones Gunn.

domingo, 21 de outubro de 2012

Símbolo De Um Compromisso

Cris sabia que a expressão “Para Sempre” gravada na chapinha representava muito mais do que a simples amizade entre ela e Ted, que seria para sempre.

Era também um símbolo do compromisso que ela firmara com o Senhor. Quando ela se convertera, cinco anos atrás, prometera a Deus que aquele compromisso era para a vida toda, e não apenas para aquele período de férias. Era uma promessa eterna, de que ela sempre colocaria sua confiança em Deus e o amaria mais do que a qualquer coisa ou pessoa.

- Trecho do Livro "Até Amanhã - Série Cris & Ted 01", de Robin Jones Gunn.

sábado, 20 de outubro de 2012

Tome a chave, Senhor

- Somos apenas eu e o Senhor, Deus querido. Obrigada por estar cuidando de mim e por essa comida para esse piquenique à meia-noite. Agradeço porque estou me sentindo melhor. (...)

Cris abriu os olhos e começou a comer o sanduíche, mas continuou falando com Jesus, como se ele estivesse sentado ao seu lado.

- É que gosto que tudo fique assim, tranquilo, bem... confortável. Acho que gosto de estar no controle da situação. Mas essa tarefa é sua, não é mesmo? 

Foi como se tivesse recebido uma revelação. Ela se via de pé, dentro do jardim do seu coração, junto ao portão. Jesus estava ali com ela, mas estava claro que era Cris quem detinha a chave dele. 

Pôs o sanduíche na "mesa" e, relanceando a vista pelo espaço ao seu lado, continuou: 

- É isso que está faltando, não é mesmo? Sou eu que estou tomando todas as decisões, segurando a chave, tentando controlar tudo, e decidindo quem vai entrar ou sair do meu jardim. Sou eu que tenho trancado e destrancado esse portão. Eu tenho estado no controle. 

- Mas Jesus, quero que o Senhor segure a chave. Quero que decida tudo que deve acontecer no jardim do meu coração. Quero que o Senhor deixe entrar ou mande sair qualquer coisa ou pessoa que o Senhor quiser, principalmente no que diz respeito aos rapazes. Nunca mais quero destrancar esse portão. Quero que o Senhor só abra quando aparecer o rapaz certo para mim. Tome a chave, Senhor. Pegue todas as minhas chaves. Eu espero no Senhor.

- Trecho do Livro "Uma Promessa é Para Sempre - Série Cris 12", de Robin Jones Gunn.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Falando Através das Flores

- Já se acostumou com a idéia de ir à Espanha? perguntou ele. 

Alguma coisa como que "ligou", mecanicamente, na cabeça de Cris, e ela respondeu: 

- Sim, acredito que isso é plano de Deus e sei que ele vai fazer tudo dar certo. Estou aprendendo a confiar nele de uma maneira nova. 

Um sorriso lento iluminou o rosto de Jakobs. 

- Penso que você está me falando através das flores. 

Embora o inglês de Jakobs fosse muito bom, às vezes não era bem claro no que desejava expressar. Cris perguntou o que ele queria dizer com "falar através das flores". 

Ele parecia um pouco envergonhado. 

- É uma expressão que temos em minha terra, em Riga. Usamo-la para dizer que uma pessoa encobre suas palavras com coisas bonitas, ao invés de expressar o que realmente sente. As­sim você está "falando comigo através das flores". 

Cris sabia que Jakobs tinha razão. Procurava parecer corajosa e espiritual, mas na verdade, estava mesmo era apavorada. Teria coragem de lhe dizer? Ele parecia uma pessoa confiável. 

- Na verdade, estou com medo. 

Ele olhou para ela com compaixão e perguntou: 

- De quê? 

- De me perder. De perder os trens. 

- Aí você pega o trem seguinte. 

- Mas, e se eu não conseguir achar o trem certo? E se alguma coisa acontecer e eu perder a bagagem ou o passaporte? 

- Vá à sua embaixada, peça outro passaporte e use a mesma roupa dois dias seguidos. 

Cris não sabia se ele estava brincando ou tentando ajudar (...) Ela achava que ele tinha uma visão muito simplista da vida. Então apresentou-lhe o pior fato que poderia acontecer. 

- E seu eu for atacada, ou assassinada? Voltando o sorriso aos lábios, Jakobs disse: 

- Então você morrerá e estará com o Senhor para sempre, e talvez eu tenha inveja de você por estar indo ao céu antes de mim. 

Cris sorriu. Jakobs tinha uma perspectiva eterna da vida. Com um pensamento tão ligado no céu, era difícil ver a possibilidade de algo mau acontecer. No dicionário de Jakobs, parecia não existir o vocábulo "tragédia". Ela bebeu o último gole de chá morno, e disse: 

- Nos Estados Unidos certamente nós o chamaríamos de "tipo Polyana". Quer dizer, alguém que só vê o lado bom de uma situação. 

- Em Riga, você provavelmente me diria "vá soprar paios", disse Jakobs, rindo-se de sua própria piadinha. 

- Soprar patos? 

- É nosso jeito de dizer "ir embora". Não é todo mundo que fala assim, só alguns dos meus amigos. Se um dia for a Riga, evite usar essa expressão com os outros. Principalmente com o oficial encarregado de examinar seu visto de entrada.

Cris não conseguiria imaginar qual seria sua impressão ao visitar um país como a Letônia. A Espanha já era suficiente­mente exótica a seu ver. 

Espanha. A lembrança repentina da Espanha a deixou paralisada. Certamente os sentimentos estavam na cara, porque Jakobs perguntou: 

- Você está novamente com medo dos trens? Cris sabia que não adiantava tentar "falar através das flores" com ele. 

- Um pouco. 

- Qual o seu versículo? perguntou Jakobs. 

- Meu versículo? 

- Você precisa de um versículo. Algo da Palavra de Deus que deverá plantar no seu coração para a viagem. 

- Para plantar no jardim do meu coração? perguntou ela, lembrando-se do poema da Trícia. 

- Sim. Você precisa de uma promessa para... como se diz? Segurado sobre? 

- Você quer dizer para me segurar, disse Cris. Você acha que eu preciso de um versículo especial para me apoiar. 

- Sim. É isso. 

- Você tem um versículo? 

Jakobs acenou que sim e disse umas palavras no melodioso idioma letão. 

- É Jeremias 1.7-8: "Mas o Senhor me disse: Não digas não passo de uma criança; porque a todos a quem eu te enviar, irás; e tudo quanto eu te mandar, falarás. Não temas diante deles; porque eu sou contigo para te livrar, diz o Senhor." 

- Perfeito! É exatamente o que eu sinto. 

- Este é o meu versículo, disse Jakobs, segurando a Bíblia de Cris junto ao peito. Você precisa procurar o seu. 

- Ah, vá soprar patos, disse Cris, brincando. Posso ficar com o mesmo versículo se eu quiser. Agora, devolva a minha Bíblia! Jakobs riu e retrucou: 

- Você se sairá muito bem em sua nova cultura. Não estou preocupado com você de maneira alguma.

- Trecho do Livro "Uma Promessa é Para Sempre - Série Cris 12", de Robin Jones Gunn.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Chave do Coração

- Você me promete uma coisa? pediu Cris à Trícia. 

- Claro! O quê? 

- Se, ou melhor, quando você o Douglas se casarem, posso ser sua dama de honra? Quero ver de camarote quando ele beijá-la pela primeira vez. 

Trícia deixou explodir uma risada e as senhoras do outro lado da sala olharam as duas com jeito de censura. Trícia pegou então, rapidamente, o guardanapo branco e o levou à boca para abafar o som. 

- Você é uma amiga de verdade, Cris. Se nós nos casarmos, é claro que adoraria que você fosse uma de minhas damas. Desde que prometa que serei sua dama no seu casamento. 

Toda a alegria, todo o deslumbramento de Cris dissipou-se naquele momento. Não conseguia imaginar que para ela houvesse casamento. Não dava nem para imaginar que seus senti­mentos por algum homem pudessem manifestar-se de novo. Mas podia se imaginar de pé junto ao portão do jardim do coração, verificando se estava trancado. Tinha vontade de engolir a chave.

- Trecho do livro "Uma Promessa é Para Sempre - Série Cris", de Robin Jones Gunn.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Poema de Trícia

Dentro do meu coração cresce solto 
um jardim de violetas e perfumadas rosas. 
Alegres narcisos do prado se alinham ao longo do estreito caminho, 
silentes a ouvir meus passos. 
Doces tulipas acenam em repouso; 
eu me ajoelho e busco em Deus o bem maior. 
Pois em volta do meu jardim há uma cerca firme 
que guarda meu coração para eu decidir 
quem pode entrar, e quem deve esperar, do outro lado da cerca... 
Prendo a chave no pescoço 
e indago se a hora é já. 
Se hoje o portão se abrisse, você entraria ou embora iria? 

- Trecho do Livro "Uma Promessa é Para Sempre - Série Cris 12", de Robin Jones Gunn. 

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Kate, Trícia e Cris: Deus é Esquisito

- Quem sabe Trícia (...) Você crê que Deus satisfaz os desejos do nosso coração? Quer dizer, desde que esses desejos não sejam pecado ou coisa parecida. O seu não parece ser. Este mundo precisa de muitos casais cristãos que criem filhos conforme a vontade de Deus. Como é aquele versículo que fala sobre deleitar-se no Senhor e ele satisfará os desejos do coração? 

- Mas o tempo dele nem sempre é o mesmo que o nosso, disse Cris, e o jeito dele fazer as coisas não é como nós pensamos. 

- É, Deus é esquisito, disse Katie. É o que penso. Deus é esquisito e nós temos a mente distorcida. Ele está cheio de surpresas, e nós tornamos a vida mais complicada do que precisava ser. Seria ótimo se tudo caminhasse do jeito que a gente queria, mas parece que muitas vezes não é assim.

- Trecho do Livro "Uma Promessa é Para Sempre - Série Cris 12", de Robin Jones Gunn.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

No Dia Seguinte...

No dia seguinte, Cris não foi à escola. Sua mãe deixou que ela tirasse o dia para chorar sozinha. E foi só o que fez. Quanto mais chorava, mais sofria e mais exausta ela se sentia. Pelas quatro da tarde, uma batidinha na porta do quarto anunciou que Katie tinha chegado. 

- Olá! Fiquei sabendo. O Douglas me ligou hoje cedo. 

Sentou-se ao pé da cama de Cris e com todo o carinho disse: 

- Sinto muito, Cris. 

- Não acredito no que fiz, Katie. Por que fiz isso? Tudo fica martelando na minha cabeça; devo estar louca. 

- Esquisito, lembra? disse Katie, emendando-a. Deus é esquisito. E nós somos distorcidos. Sempre que a gente faz uma coisa esquisita assim, nos aproximamos mais dele. E acredite, o que você fez foi estranho mesmo! 

Cris pegou um lenço de papel e limpou os olhos inchados. 

- Douglas me contou que o Ted disse a ele ontem à noite que você o amava o bastante para abrir mão dele, e que você o incentivou a obedecer ao chamado de Deus quando ele já se mostrava disposto a adiar... Incrível, Cris! É como aquele versículo sobre não haver maior amor do que um amigo entregar a vida por outro amigo. Não sabia que você seria capaz disso. Eu não teria coragem. 

- O que você quer dizer? Você fez isso também. Foi você que terminou o namoro com o Michael, lembra? 

- O meu caso foi diferente. 

- Sei não, Katie. Um sofrimento por amor é igual pra todo mundo. 

- Se eu sofri tanto por causa do Michael, nem imagino o quanto você deve estar sofrendo pelo Ted. O que é que poso fazer? 

- Nada. Só me diga que eu agi certo. 

Katie deu uma gargalhada. 

- Como pode ter dúvidas? Claro que agiu certo! Você é a própria encarnação da nobreza. 

- O que da nobreza? 

Cris se apoiou sobre o braço e olhou bem para a expressão da amiga. Katie sorriu. 

- Posso dizer simplesmente, Cristina Juliet Miller, que você agiu corretamente. Você entregou um presente a Deus, o Ted livre e desimpedido. E existe uma coisa da qual tenho certeza: nunca podemos dar a Deus mais do que ele nos dá. Mal posso esperar para ver o que ele vai lhe dar!

- Trecho do Livro "Coração Partido - Série Cris 11", de Robin Jones Gunn.

domingo, 14 de outubro de 2012

Solte as Rédeas

O sol começava a mergulhar seus raios ardentes no fresco mar azul. O céu, em torno, parecia uma toalha de praia em tom pastel, enrolada carinhosamente em volta do sol para protegê-lo do frio da água.

- É maravilhoso! sussurrou Cris.

Ted a envolveu nos braços. Ficaram juntos, de pé, em reverente silêncio, contemplando o pôr-do-sol. Cris chegou a pensar que aquilo era tudo que ela sempre sonhara: estar nos braços do Ted, como também no seu coração. Será que ele sentia o mesmo?

Quando o último raio de sol diluiu-se no mar, Cris fechou os olhos e respirou fundo a maresia. Cheirava a sal.

- Você sabia, perguntou Ted, que o sol poente parece tão grande na ilha de Papua Nova Guiné, que é quase como se a gente estivesse em outro planeta? Vi fotos.

Como tinha acontecido com seu reflexo na caneca de chá no pesadelo da noite passada, Cris ouviu as palavras: "Solte as rédeas".

Sabia o que tinha de fazer. Virando-se para ele, disse:

- Não bastam as fotos para você, Ted. Você tem de ir.

- Eu vou, um dia, querendo Deus, eu vou, disse ele por dizer.

- Você não vê, Ted? O Senhor quer que você vá. Hoje é o dia... Esta é a sua oportunidade de ir para o campo missionário. Tem de ir.

Os dois se entreolharam numa silenciosa comunhão.

- Deus tem me falado algo, Ted. Ele está me dizendo para abrir mão de você, deixar você ir. Eu não quero, mas preciso obedecer-lhe.

Ted parou e disse:

- Talvez eu deva dizer ao pessoal da missão que só poderei ir para o período de férias. Assim, fico fora só alguns meses. Na verdade, algumas semanas. Depois volto e quando chegar o outono estaremos juntos.

Cris abanou a cabeça.

- Não pode ser assim, Ted. Você tem de ir para o período que Deus determinar. Desde que eu o conheço, Deus tem lhe falado para ir. Está na cara, Ted. Você tem de obedecer-lhe.

- Kilikina, disse Ted, segurando-a pelos ombros, você sabe o que está me dizendo? Se eu for, talvez nunca volte.

- Eu sei, disse ela num quase sussurro.

Ela pegou o bracelete no pulso direito, e soltou o fecho. Tomou a mão do Ted e colocou a jóia "Para Sempre" na sua palma, fechando os dele em torno dela.

- Ted, o Senhor te abençoe e te guarde. O Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e te dê a paz. Que você sempre ame a Jesus acima de tudo mais. Até mais do que eu.

Ele caiu deitado na areia como se fora atravessado pelo fio de uma espada. E cobrindo o rosto com as mãos, chorou. Cris, de pé ao lado dele, mal se sustinha nas pernas. O que foi que eu fiz? Deus, por que tenho de deixá-lo ir?

Deitando-se também, o corpo trêmulo, Cris chorou até sentir nos lábios apenas o sal das próprias lágrimas.

Percorreram o resto do caminho para casa em silêncio. Um manto espesso descera sobre eles, unindo-os até mesmo nessa separação. Para Cris, parecia um sonho mau. Fora outra pessoa que havia aberto mão do Ted. Não ela!

- Trecho do Livro "Coração Partido - Série Cris 11", de Robin Jones Gunn.

sábado, 13 de outubro de 2012

Deus é Estranho e Nós Somos Tortos

- Quem sabe? Deus é estranho, esquisito, disse Cris com reverência. Não quero dizer esquisito no sentido de amalucado, mas de inexplicável. 

- É, Deus é esquisito e nós somos tortos, resumiu Katie. É a filosofia de vida. O modo de Deus agir nunca é igual ao nosso, e nós somos tortos. Distorcidos. Sempre queremos fazer as coisas de modo distorcido, diferente do de Deus.

- Trecho do Livro "Coração Partido - Série Cris 11", de Robin Jones Gunn.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Se Você Soubesse, Kilikina...

Ted parou em frente de uma das lojas (na Disneylandia) e disse:

- Quero comprar um presente para você.

- Não precisa, replicou Cris, parecendo surpresa com o que ele disse. 

- Não, eu quero. Da outra vez que viemos aqui, comprei todas aquelas coisas com o dinheiro da sua tia. Desde aquele dia estou com vontade de comprar alguma coisa com o meu próprio dinheiro. Algo especial. Um presente meu para você. 

Cris sentia muita ternura na atitude dele. Ted passou o braço em volta dela e assim entraram e ficaram a olhar os artigos da loja, entre prateleiras e exposições abarrotadas de apetrechos da Disney. Então, Cris viu o que queria. Perfeito. 

- Gostaria disto aqui, disse ela, estendendo a mão para uma moldura de porcelana em forma de coração. 

Era exatamente o que ela imaginara. 

- Vou colocar nossa foto do passeio de canoa aqui, explicou ela. Sabe, aquela que o Douglas acabou de tirar. 

- Legal. Vê mais alguma coisa que você deseja muito ter. 

- Sim, disse ela com um sorriso maroto. Você. 

Ted parecia surpreso, mas sentiu-se honrado. 

- Você poderia viver sem mim, Cris. 

- Sim, mas não gostaria, disse ela baixinho. 

Antes de ela perceber o que estava acontecendo, Ted pegou seu rosto entre as mãos, levantou-o e deu-lhe um beijo. Quando se afastou, Cris respirou fundo e notou uma lágrima no canto do olho dele. Ele piscou os olhos e deu-lhe um abraço apertado. Cochichou-lhe então no ouvido: 

- Se você soubesse, Kilikina... Se apenas soubesse. 

- Soubesse o quê? sussurrou ela. 

Cris sabia que os outros fregueses estavam olhando para eles, mas depois dos berros de Katie na hora do almoço, isso não era nada. 

- Vamos lá! disse Ted, soltando-a e limpando depressa os olhos com o capuz de malha. Vamos pagar a conta e procurar um lugar onde possamos conversar tranquilamente.

(...)

- Ted, qual o problema? Você está tão sério. Foi alguma coisa que eu disse? 

- Ele abanou a cabeça e respirou fundo, como se fosse dar uma risada. 

- Não. 

Depois, mudando de idéia, corrigiu: 

- Sim, mas não há nada de errado com o que você disse. Foi bom. Bom demais, na verdade. 

- Não entendi. Eu só disse que não iria querer viver sem você. Aí você disse que se eu soubesse... Soubesse o quê? 

A respiração suspensa, o rosto pálido, acrescentou então, com um nó na garganta: 

- Ted, você não vai morrer ou coisa parecida, vai? 

Ted tombou a cabeça para trás e soltou uma gargalhada sonora na direção do céu salpicado de estrelas. 

Não, Kilikina, não vou morrer. Bem, quer dizer, um dia vou sim. Todos morreremos. Mas não sei quando, e não tenho planos dessa natureza para um futuro próximo. 

- Então o que você está dizendo? 

O coração de Cris batucava, e ela se sentia confusa. Sabia o quanto amava o Ted e como sofreria se, por alguma razão, o perdesse. 

(...)

- Bem, é que você realmente gosta de mim, me quer bem de verdade. Você quer estar comigo. Você disse lá na loja que não queria viver sem mim. 

- E isso não é mau, Ted! Falei isso com toda sinceridade. Eu realmente me interesso muito por você, mais do que você pode imaginar. 

- Eu sei, disse Ted em voz baixa. Você é a primeira pessoa que me ama de fato. 

Ele não disse como se estivesse querendo sentir pena de si mesmo. Era como se tivesse feito uma descoberta quando percebeu quanto Cris era importante para ele. 

- Isso devia fazer você sentir-se bem, Ted. Por que está arrasado por saber quanto lhe quero bem?

- Não estou arrasado. Maravilhado seria um termo melhor. Simplesmente, nunca houve alguém que gostasse de mim como você. Eu até cheguei a me afastar de você, quando fui para o Havaí. Talvez eu estivesse com medo de me aproximar demais ou querê-la bem demais. Sei lá. 

O apito soou e o navio partiu, e mais uma vez ele respirou fundo. 

- Não sei por que isso está me marcando tão fundo agora ou por que suas palavras doeram tanto no meu coração lá na loja. Só sei que eu também não quero viver sem você, Kilikina. Você é a dádiva mais preciosa que Deus já me concedeu.

- Trecho do Livro "Coração Partido - Série Cris 11", de Robin Jones Gunn.