O sol começava a mergulhar seus raios ardentes no fresco mar azul. O céu, em torno, parecia uma toalha de praia em tom pastel, enrolada carinhosamente em volta do sol para protegê-lo do frio da água.
- É maravilhoso! sussurrou Cris.
Ted a envolveu nos braços. Ficaram juntos, de pé, em reverente silêncio, contemplando o pôr-do-sol. Cris chegou a pensar que aquilo era tudo que ela sempre sonhara: estar nos braços do Ted, como também no seu coração. Será que ele sentia o mesmo?
Quando o último raio de sol diluiu-se no mar, Cris fechou os olhos e respirou fundo a maresia. Cheirava a sal.
- Você sabia, perguntou Ted, que o sol poente parece tão grande na ilha de Papua Nova Guiné, que é quase como se a gente estivesse em outro planeta? Vi fotos.
Como tinha acontecido com seu reflexo na caneca de chá no pesadelo da noite passada, Cris ouviu as palavras: "Solte as rédeas".
Sabia o que tinha de fazer. Virando-se para ele, disse:
- Não bastam as fotos para você, Ted. Você tem de ir.
- Eu vou, um dia, querendo Deus, eu vou, disse ele por dizer.
- Você não vê, Ted? O Senhor quer que você vá. Hoje é o dia... Esta é a sua oportunidade de ir para o campo missionário. Tem de ir.
Os dois se entreolharam numa silenciosa comunhão.
- Deus tem me falado algo, Ted. Ele está me dizendo para abrir mão de você, deixar você ir. Eu não quero, mas preciso obedecer-lhe.
Ted parou e disse:
- Talvez eu deva dizer ao pessoal da missão que só poderei ir para o período de férias. Assim, fico fora só alguns meses. Na verdade, algumas semanas. Depois volto e quando chegar o outono estaremos juntos.
Cris abanou a cabeça.
- Não pode ser assim, Ted. Você tem de ir para o período que Deus determinar. Desde que eu o conheço, Deus tem lhe falado para ir. Está na cara, Ted. Você tem de obedecer-lhe.
- Kilikina, disse Ted, segurando-a pelos ombros, você sabe o que está me dizendo? Se eu for, talvez nunca volte.
- Eu sei, disse ela num quase sussurro.
Ela pegou o bracelete no pulso direito, e soltou o fecho. Tomou a mão do Ted e colocou a jóia "Para Sempre" na sua palma, fechando os dele em torno dela.
- Ted, o Senhor te abençoe e te guarde. O Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e te dê a paz. Que você sempre ame a Jesus acima de tudo mais. Até mais do que eu.
Ele caiu deitado na areia como se fora atravessado pelo fio de uma espada. E cobrindo o rosto com as mãos, chorou. Cris, de pé ao lado dele, mal se sustinha nas pernas. O que foi que eu fiz? Deus, por que tenho de deixá-lo ir?
Deitando-se também, o corpo trêmulo, Cris chorou até sentir nos lábios apenas o sal das próprias lágrimas.
Percorreram o resto do caminho para casa em silêncio. Um manto espesso descera sobre eles, unindo-os até mesmo nessa separação. Para Cris, parecia um sonho mau. Fora outra pessoa que havia aberto mão do Ted. Não ela!
- Trecho do Livro "Coração Partido - Série Cris 11", de Robin Jones Gunn.
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