sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Se Você Soubesse, Kilikina...

Ted parou em frente de uma das lojas (na Disneylandia) e disse:

- Quero comprar um presente para você.

- Não precisa, replicou Cris, parecendo surpresa com o que ele disse. 

- Não, eu quero. Da outra vez que viemos aqui, comprei todas aquelas coisas com o dinheiro da sua tia. Desde aquele dia estou com vontade de comprar alguma coisa com o meu próprio dinheiro. Algo especial. Um presente meu para você. 

Cris sentia muita ternura na atitude dele. Ted passou o braço em volta dela e assim entraram e ficaram a olhar os artigos da loja, entre prateleiras e exposições abarrotadas de apetrechos da Disney. Então, Cris viu o que queria. Perfeito. 

- Gostaria disto aqui, disse ela, estendendo a mão para uma moldura de porcelana em forma de coração. 

Era exatamente o que ela imaginara. 

- Vou colocar nossa foto do passeio de canoa aqui, explicou ela. Sabe, aquela que o Douglas acabou de tirar. 

- Legal. Vê mais alguma coisa que você deseja muito ter. 

- Sim, disse ela com um sorriso maroto. Você. 

Ted parecia surpreso, mas sentiu-se honrado. 

- Você poderia viver sem mim, Cris. 

- Sim, mas não gostaria, disse ela baixinho. 

Antes de ela perceber o que estava acontecendo, Ted pegou seu rosto entre as mãos, levantou-o e deu-lhe um beijo. Quando se afastou, Cris respirou fundo e notou uma lágrima no canto do olho dele. Ele piscou os olhos e deu-lhe um abraço apertado. Cochichou-lhe então no ouvido: 

- Se você soubesse, Kilikina... Se apenas soubesse. 

- Soubesse o quê? sussurrou ela. 

Cris sabia que os outros fregueses estavam olhando para eles, mas depois dos berros de Katie na hora do almoço, isso não era nada. 

- Vamos lá! disse Ted, soltando-a e limpando depressa os olhos com o capuz de malha. Vamos pagar a conta e procurar um lugar onde possamos conversar tranquilamente.

(...)

- Ted, qual o problema? Você está tão sério. Foi alguma coisa que eu disse? 

- Ele abanou a cabeça e respirou fundo, como se fosse dar uma risada. 

- Não. 

Depois, mudando de idéia, corrigiu: 

- Sim, mas não há nada de errado com o que você disse. Foi bom. Bom demais, na verdade. 

- Não entendi. Eu só disse que não iria querer viver sem você. Aí você disse que se eu soubesse... Soubesse o quê? 

A respiração suspensa, o rosto pálido, acrescentou então, com um nó na garganta: 

- Ted, você não vai morrer ou coisa parecida, vai? 

Ted tombou a cabeça para trás e soltou uma gargalhada sonora na direção do céu salpicado de estrelas. 

Não, Kilikina, não vou morrer. Bem, quer dizer, um dia vou sim. Todos morreremos. Mas não sei quando, e não tenho planos dessa natureza para um futuro próximo. 

- Então o que você está dizendo? 

O coração de Cris batucava, e ela se sentia confusa. Sabia o quanto amava o Ted e como sofreria se, por alguma razão, o perdesse. 

(...)

- Bem, é que você realmente gosta de mim, me quer bem de verdade. Você quer estar comigo. Você disse lá na loja que não queria viver sem mim. 

- E isso não é mau, Ted! Falei isso com toda sinceridade. Eu realmente me interesso muito por você, mais do que você pode imaginar. 

- Eu sei, disse Ted em voz baixa. Você é a primeira pessoa que me ama de fato. 

Ele não disse como se estivesse querendo sentir pena de si mesmo. Era como se tivesse feito uma descoberta quando percebeu quanto Cris era importante para ele. 

- Isso devia fazer você sentir-se bem, Ted. Por que está arrasado por saber quanto lhe quero bem?

- Não estou arrasado. Maravilhado seria um termo melhor. Simplesmente, nunca houve alguém que gostasse de mim como você. Eu até cheguei a me afastar de você, quando fui para o Havaí. Talvez eu estivesse com medo de me aproximar demais ou querê-la bem demais. Sei lá. 

O apito soou e o navio partiu, e mais uma vez ele respirou fundo. 

- Não sei por que isso está me marcando tão fundo agora ou por que suas palavras doeram tanto no meu coração lá na loja. Só sei que eu também não quero viver sem você, Kilikina. Você é a dádiva mais preciosa que Deus já me concedeu.

- Trecho do Livro "Coração Partido - Série Cris 11", de Robin Jones Gunn.

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