- Olhem só o que encontrei no depósito da lanchonete! disse Katie, colocando sobre a mesa um pacote de balas em formato de coração. Sobremesa! concluiu ela.
- Ah, mas essas balas são muito velhas! comentou Trícia. Quero dizer, esta lanchonete é nova, né? Mas não estão vendendo mais docinhos do Dia dos Namorados. Agora, em todo lugar, só tem balas com motivos natalinos. Não quero nem saber de onde elas são.
- Do Galpão da Economia, replicou logo o Ted, abrindo o pacote e derramando na mesa os corações. Estive lá hoje e tinha uma caixa cheia dessas balas logo na entrada. Agora é a melhor época de comprá-las.
- Comprar, tudo bem, insistiu Trícia, mas chupar? Acho que não.
E assim dizendo, ela pegou uma das balas e leu uma mensagem gravada nela.
- “Passe-me um fax”, leu. Passe-me um fax? Desde quando começaram a escrever isso nessas balas? Sempre achei que eles punham frases como: ‘Ama-me”, “Seja fiel”, etc.
Em seguida, ela pegou outra balinha e leu:
- “Beije-me!”
- Beijo, sim! disse Douglas, que, em seguida, puxou a esposa para si e plantou-lhe um sonoro beijo nos lábios.
Trícia deu uma risadinha infantil. Até parecia que era a primeira vez que ganhava um beijo. Cris sorriu ao ver os dois amigos tão apaixonados um pelo outro.
- Olhem este aqui, interpôs Katie. “Chama-me pelo alto-falante”.
Todos os presentes começaram a ler as mensagens de sua bala. Douglas pegou uma que dizia: “Mande-me um e-mail”.
- Esta aqui deve ser do pacote interativo, comentou.
Ted pegou um coraçãozinho e colocou-o diante dos olhos de Cris, como que querendo provar o que Douglas acabara de dizer. Na bala estava escrito: “Casa comigo.”
A jovem leu e em seguida ergueu os olhos para Trícia.
- Puxa, disse, não dá pra acreditar nas frases que eles escrevem hoje em dia. Estou com você, Trícia. Antigamente eles punham: “Seja doce comigo”, e coisas assim.
- Olhem só, falou Katie, lendo: “Doces lábios”.
- Quero essa aí, disse Trícia.
- O que você ‘tá fazendo? indagou Katie. ‘Tá formando uma sentença de balas?
- Claro. Tente fazer uma.
- Aqui pra você, Trícia, disse Cris. Achei outra “Chama-me pelo alto-falante”.
Ted colocou outra balinha à frente de Cris. Nela estava gravado:
“Casa comigo.”
- Acho que já temos uma dessas, disse a jovem, afastando-a para um lado e procurando uma que tivesse algo que ninguém havia lido ainda.
Ted também se pôs a procurar. Por fim, ele pegou uma bala, levantou-se e foi para o outro lado da mesa, ficando junto de Cris. Em seguida, colocou a terceira balinha perto das outras duas que já havia dado para ela, formando uma fileira de três.
- Pronto. Depois que se diz algo três vezes, aquilo fica valendo. Pra sempre.
Cris ficou paralisada. Só conseguia ver as três balas enfileiradas diante de seus olhos. E em todas elas estava escrito:
“Casa comigo. Casa comigo. Casa comigo.”
Virou-se para o namorado que nesse momento se abaixou, apoiando um dos joelhos no chão e pegando as mãos dela nas suas. Fitou-a diretamente nos olhos e disse:
- Kilikina, minha Kilikina, quer casar comigo?
A voz dele era como uma cachoeira que caía sobre Cris.
- Sim! replicou ela sem um minuto de hesitação. Sim, repetiu um pouco mais alto.
Em seguida, falou uma terceira vez, com toda firmeza e em meio a uma cascata de lágrimas:
- Sim, meu Ted, eu me caso com você!
Durante alguns segundos, foi como se o mundo todo tivesse parado, e os dois ficaram imóveis. Não respiravam, nem piscavam, nem se mexiam. Estavam imersos um na alma do outro. O único som que Cris escutava era de um coração batendo. Contudo não sabia ao certo se era o seu ou o do Ted. Os dois pareciam bater em uníssono.
- Que é que você ‘tá fazendo aí, Ted? indagou Katie. Deixou uma bala cair aí no chão? Ainda tem muitas aqui.
O rapaz não se mexeu. Cris sorriu.
"Ninguém sabe de nada. O Ted acaba de me pedir em casamento, mas ninguém sabe disso ainda. É um segredo só nosso".
Katie deu uma espiada para a fileira de balas que estava perto de sua amiga e soltou um grito como somente Katie era capaz de soltar. Aí o segredo de Cris e Ted foi descoberto. Todos os presentes pararam de conversar e até de comer. Os dois cantores que tocavam violão também interromperam a música.
- Finalmente! exclamou Katie em voz bem alta.
E assim dizendo, ela se pôs de pé e gritou:
- Ei, pessoal! Preciso fazer uma comunicação a todos! Minha melhor amiga aqui foi pedida em casamento!
Imediatamente todos cercaram Cris e Ted, abraçando-os e dando-lhes os parabéns. E Katie indagou à amiga:
- O que você respondeu?
- Eu disse “Sim”! replicou a jovem num tom firme.
- Trecho do Livro "Como Quiseres, Senhor - Série Cris e Ted 02", de Robin Jones Gunn.
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