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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Ditos Proveitosos


Quanto mais gorda a porca, mais deseja a lama; quanto mais gordo o boi, mais alegre vai para o matadouro; e quanto mais saudável o homem lascivo, mais inclinado é ao mal.

As mulheres têm o desejo de andar arrumadas e belas, mas a mais bonita é a que se adorna com o que é valioso aos olhos de Deus.

É mais fácil vigiar uma ou duas noite do que ficar alerta um ano inteiro. É mais fácil professar a fé da boca para fora do que ser fiel à doutrina até o fim.

Qualquer capitão, ao ver seu navio em perigo em meio à tempestade, não hesita em lançar pela amurada as coisas de menor valor. Que é que lançaria primeiro as coisas mais valiosas? Ninguém, senão o que não teme a Deus.

Um só vazamento faz afundar o navio, e um só pecado destrói o pecador.

Quem esquece um amigo é ingrato para com ele; mas quem esquece o Salvador não tem misericórdia de si mesmo.

Aquele que vive no pecado e busca a felicidade aqui é como quem semeia o joio e sonha em encher o celeiro de trigo ou cevada.

Se um homem quer viver bom, que nunca descuide do último dia, e faça deste seu companheiro.

Murmurações e mudanças de idéia provam que o pecado anda no mundo.

Se o mundo, que Deus despreza, é tido como coisa tão valiosa pelos homens, que durão eles do céu, que Deus elogia?

Se relutamos tanto em deixar esta vida, que nos traz tantos tormentos, que dizer da vida lá do alto?

Todos alardeiam a bondade dos homens; mas quem se comove com a bondade de Deus?

- Trecho do Livro "A Peregrina", de John Bunyan.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O Homem e o Ancinho


Intérprete levou Cristiana até um quarto onde havia um homem que tinha na mão um ancinho e que não desgrudava os olhos do chão. Havia também outro homem, acima do primeiro, com uma coroa celestial nas mãos. Este propunha ao primeiro trocar a coroa pelo ancinho, mas ele não lhe dava ouvidos, nem mesmo tirava os olhos do chão. Com sua ferramenta, ele continuava a juntar as palhas, os gravetos e a poeira do quarto.

Esse primeiro homem, explica Interprete, é o símbolo do homem deste mundo. Quanto ao ancinho, simboliza os seus pensamentos mundanos. Como você vê, ele prefere prestar atenção às palhas, aos gravetos e à poeira do chão do que às palavras que lhe diz o homem lá de cima, que traz na mão a coroa celestial.

Essa cena - diz Intérprete - mostra que o céu não passa de fábula para alguns, e que as coisas daqui são tidas como as únicas essenciais. Você também observou que o homem só olhava para baixo, não? Pois isso é para mostrar a você que as coisas terrenas, quando arrebatam os pensamentos dos homens, afastam seu coração de Deus.

Cristiana - Ah! Liberte-me deste ancinho!

Intérprete - Essa oração foi esquecida, e hoje se acha quase enferrujada. "Não me dês (...) a riqueza" é, quando muito, oração de um dentre dez mil. Hoje, mais do que nunca, procuram-se palha, gravetos e poeira.

- Ai de nós! Porque isso é realmente verdade! - diz Cristiana

- Trecho do Livro "A Peregrina", de John Bunyan.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Paixão e Paciência


Em certo quarto apertado, haviam dois menininhos sentados, cada qual em sua cadeira. O nome do mais velho era Paixão, e o outro chamava-se Paciência. Paixão parecia muito insatisfeito, mas Paciência permanecia bem tranquilo. O motivo do descontentamento de Paixão era porque seu tutor queria que ele esperasse, pois as melhores coisas viriam no início do ano que vem. Mas ele as queria agora. Paciência no entanto se dispunha a aguardar.

Então alguém se aproximou de Paixão e, trazendo-lhe um saco, derramou um tesouro aos seus pés. Ele o tomou, alegrou-se e ainda riu-se de Paciência, zombeteiro. Mas logo paixão dissipou de tudo o que tinha ganhado, nada lhe restando senão farrapos.

Esses dois meninos são simbólicos: Paixão representa os homens deste mundo, e Paciência, os homens do mundo que há de vir. Paixão quer tudo agora, este ano, ou seja, neste mundo. São assim os homens deste mundo; eles precisam ter todas as boas coisas agora; não podem aguardar até o ano que vem, ou seja, até o mundo vindouro, para receber o seu quinhão de benefícios.

O provérbio "Mais vale um pássaro na mão do que dois voando" tem para eles mais autoridade do que todos os testemunhos divinos do bem do mundo que há de vir. Mas como vimos, Paixão esbanjou tudo rapidamente, e nada lhe restou agora senão farrapos. Assim acontecerá aos homens dessa espécie quando do final deste mundo.

A glória do mundo vindouro, pelo qual Paciência aguardam jamais se gastará, mas as daqui subitamente passam. Sendo assim, Paixão não teve tanto motivo para rir de Paciência só por ter recebido as boas coisas primeiro. Quanto a Paciência, terá de rir-se de Paixão por receber as melhores coisas por último, pois o primeiro precisa dar lugar ao último, já que o último também terá a sua hora. O último, porém, não cede o lugar a ninguém, pois não há quem venha depois dele. 

Aquele portanto que recebe primeiro o seu quinhão deve sem dúvida ter a oportunidade de gastá-lo; porém aquele que receber a sua porção por último a terá para sempre.

- Trecho tirado do livro "O Peregrino", de John Bunyan.

domingo, 1 de janeiro de 2012

O Borrifador e a Vassoura


Intérprete tomou Cristão pela mão e o levou a uma sala bem grande, cheia de poeira, pois jamais era varrida. Depois de examiná-la, Intérprete mandou um homem varrê-la. Ora, começando ele a varrer, o pó ergueu-se tão abundante que Cristão quase sufocou. Disse então Intérprete a uma jovem que estava ali ao lado:

- Traga água e borrife um pouco na sala.

Feito isso, a sala pôde ser varrida e limpa com prazer.

Cristão - O Que significa isso? 

Intérprete - Esta sala é o coração do homem que jamais foi santificado pela doce graça do Evangelho. A poeira é seu pecado original e as corrupções mais íntimas que macularam todo o homem. Aquele que começou a varrer primeiro é a lei, mas a que trouxe água, e a borrifou, é o Evangelho. Ora, você mesmo viu que assim que o homem começou a varrer, a poeira levantou, tornando impossível limpar a sala. Você quase sufocou. Isso foi para mostrar-lhe que a lei, em vez de limpar (pela sua ação) o coração do pecado, na verdade o faz reviver, o fortalece e o amplia na alma, ainda que o revele e proíba, pois não dá força para subjugar.

- Depois - continuou ele - você viu a jovem borrifar a sala com água, podendo então limpá-la com prazer. Isso é para mostrar-lhe que quando o Evangelho entra no coração com sua influência doce e inestimável, o pecado é conquistado e subjugado, da mesma forma como você viu a jovem fazer pousar a poeira borrifando o chão com água. A alma se faz limpa pela fé, preparando-se consequentemente para que o Rei da Glória a habite.

- Trecho tirado do livro "O Peregrino", de John Bunyan.