Mostrando postagens com marcador Análise da Inteligência de Cristo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Análise da Inteligência de Cristo. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

O Porão Escuro

Certa vez, um jovem morava num porão escuro, sentia-se inseguro e amedrontado no breu. Queria de todos os modos colocar uma lâmpada neste porão. Após ganhar dinheiro, contratou um eletricista e satisfez seu desejo. Eis que naquela noite não dormiu, a luz o incomodou. Por quê? Porque iluminou o ambiente e revelou teias de aranhas, baratas e imundícias somente depois de fazer uma boa faxina, ficou tranquilo e adormeceu.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A Parábola do Semeador: Quarto Solo

Chegamos à boa terra, o solo que o mestre da vida queria para plantar e cultivar as mais importantes funções da personalidade. Jesus ansiava por mudar o ecossistema da humanidade, mas ele precisava do coração humano para realizar essa tarefa. O coração psicológico que representa a boa terra foi o que removeu as pedras, suportou as dificuldades da vida, lançou raízes profundas nos tempos de aridez, debelou os problemas íntimos e, assim, criou um clima favorável para frutificar com abundância.

Quem representa a boa terra? O próprio Jesus disse que são os que compreenderam a sua palavra, refletiram sobre ela, permitiram que ela habitasse no seu ser. Comportaram-se como sedentos ansiosos pela água, como o ofegante ávido pelo ar, como crianças famintas pelo leite. Não eram movidos apenas pelo entusiasmo das boas novas, mas pela disposição desesperada de aprender.

Devo ressaltar que esse grupo privilegiado de pessoas não era o mais inteligente, culto, puro e ético. Muitos membros desse grupo eram complicados, tinham enormes defeitos, fracassaram inúmeras vezes, mas superaram seus conflitos, deram valor ao que realmente importava, abriram seu coração ao vendedor de sonhos e aplicaram a sua palavra dentro de si mesmos.

Para o mestre dos mestres os solos não eram estáticos. Um tipo de solo poderia se trasnformar em outro. Jesus usava várias ferramentas para poder corrigir os solos dos seus discípulos. Ao andar com eles, ele os colocava em situações difíceis, fazia-os entrar em contato com seu medo, ambição, conflitos. Ele os treinava constantemente a "arar" a alma, a esfacelar os torrões, a corrigir a acidez e a repor nutrientes.

Para o mestre da vida, nenhum solo era inútil ou imprestável. Uma prostituta poderia ser lapidada e ter mais destaque do que um fariseu. Um coletor de impostos corrupto e dissimulado poderia ser transformado a tal ponto que superaria no seu reino um líder espiritual puritano e moralista. Um psicopata inumano e violento poderia reciclar a sua vida a tal ponto que seria capaz de recitar poesias de amor, ter sentimentos altruístas e correr riscos para ajudar os outros.

Raramente alguém acreditou tanto no ser humano. Nunca alguém entendeu tanto das vielas da nossa emoção e desejou transformar o teatro da nossa mente num espetáculo de sabedoria...

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

A Parábola do Semeador: Terceiro Solo

O terceiro tipo de solo, o solo com espinhos, representa uma terra melhor do que temos visto até o momento. O solo era adequado. Não era compactado, não havia pedras no seu interior. As sementes encontraram um excelente clima para crescer. Lançaram raízes profundas, conseguiram atingir águas submersas, suportaram o calor do sol e as intempéries. Elas cresceram com vigor e entusiasmo.

Os problemas exteriores não conseguiam destruí-las. Junto com as pequenas plantas geradas pelas belas sementes cresceram, sutilmente, os espinhos. No início, os espinhos aparentava ser gramíneas frágeis e inocentes. Havia espaço para todas as plantas, poderiam conviver juntas. Entretanto, os meses se passaram e as plantas e os espinhos cresceram. Então, algo imprevisível aconteceu. O espaço que era tão grande começou a ficar pequeno. Iniciou-se uma competição.

Os espinhos começaram a competir com as plantas pelos nutrientes, oxigênio, água e raios solares. Como estavam mais adaptados, deram um salto. Cresceram rapidamente e começaram a sufocar as plantas. Elas clamavam pelos nutrientes e pelos raios solares para fazer a fotossíntese, mas os espinhos controlavam seu desejo de viver. Assim, apesar de ter raízes profundas e de conquistar um bom porte, as plantas não frutificaram, não sobreviveram.

Que grupo de pessoas ou que estágio da personalidade esse tipo de solo representa?
Representa as pessoas mais profundas e sensatas, que permitiram o crescimento das sementes do perdão, do amor, da sabedoria, da solidariedade e de todas as demais sementes do plano transcedental do mestre dos mestres.

Elas suportaram as incompreensões, as pressões, as dificuldades externas. Viram Jesus sofrer oposição e perseguição, mas não desanimaram. Ficaram amedrontadas quando ele, por diversas vezes, quase foi apedrejado, mas não o abandonaram. Nenhuma crítica, rejeição, doença, decepção ou frustração parecia roubar-lhes o desejo de segui-lo.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A Parábola do Semeador: Segundo Solo

O solo rochoso é o segundo tipo de coração que Jesus simbolizava nessa parábola. Era um solo melhor do que o que estava à beira do caminho. As sementes nele lançadas encontraram condições mínimas para germinar. Elas logo nasceram, visto que a terra era pouca. Porém, logo veio o calor do sol e elas não suportaram, já que suas raízes eram superficiais.

Quem é representado por esse tipo de solo? Como o próprio Jesus disse, ele representa todos os que receberam rápida e alegremente a sua palavra. Eles fizeram festas para ele. Compraram seus mais belos sonhos. O júbilo era incontido. Mas, um dia, os problemas surgiram, as perseguições bateram à porta. Ficaram confusos.

Perceberam que o mestre dos mestres não eliminava todos os obstáculos que eles encontravam pelo caminho. Ficaram assustados. Entenderam que não estavam livres de decepções. Creram que todas as suas orações seriam rapidamente atendidas. Pensaram que segui-lo era viver um céu sem tempestade, relações sem desencontros, trabalhos sem fracassos. Mas se enganaram.

Jesus nunca fez essas promessas. Prometeu, sim, força na fragilidade, regrigério nos fracassos, coragem nos momentos de desespero. Eles viram o próprio Jesus passar por tantos problemas e correr risco de morrer. Essas cenas o abalaram. Será que ele é o Messias? Será que vale a pena segui-lo? Será que seus sonhos não são delírios? Essas perguntas os atormentavam. Desanimados, muitos desistiram de segui-lo.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A Parábola do Semeador: Primeiro Solo

"Eis que o semeador saiu a semear. E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e, vindo as aves, a comeram. Outra parte caiu em solo rochoso, onde a terra era pouca, e logo nasceu, visto não ser profunda a terra. Saindo, porém, o sol, a queimou; e, porque não tinha raiz, secou-se. Outra caiu entre os espinhos, e os espinhos cresceram e a sufocaram. Outra, enfim, caiu em boa terra e deu fruto: a cem, a sessenta e a trinta por um." - Mateus 13.3-8

Os quatros tipos de solos que Jesus descreveu em sua parábola representam quatros tipos de personalidades distintas ou quatro estágios da mesma personalidade:

O primeiro solo: o solo que representa um caminho

Ele descreveu o primeiro tipo de solo como uma terra à beira do caminho. Esse solo estava compacto, endurecido e impermeável. As sementes que ali foram lançadas não penetraram nele e, portanto não encontraram condições mínimas para germinar. Que tipo de pessoa essa terra representa?
Representa as que têm seu próprio caminho, as que não estão abertas para algo novo, não estão dispostas a aprender. Elas se fecham dentro do seu mundo. Foram contaminadas pelo orgulho, não conseguem abrir o leque das possibilidades dos pensamentos. Suas verdades são eternas e absolutas. O coração psicológico delas é compactado como a terra de uma estrada. São rígidas e fechadas. Quando põem uma coisa na cabeça, ninguém consegue removê-la.

Quantas pessoas não conhecemos que possuem essas características? Quantas vezes não reagimos asssim? Somos turrões, teimosos, não permitimos que nos questionem. O mundo tem de girar em torno do que pensamos.
As dores, as perdas e as decepções deveriam funcionar como arados para sulcar o coração emocional, mas muitas vezes somos tão rígidos que não permitimos que elas penetrem nos compartimentos mais profundos do nosso ser. Continuamos os mesmos.

As reflexões sobre as experiências difíceis que os outros passam deveriam funcionar como a chuva serôdia, mansa e suave, para irrigar o território da nossa inteligência. Não aprendemos com os erros dos outros. Uma pessoa inteligente aprende com os seus erros, uma pessoa sábia aprende com os erros dos outros.
As pessoas que reagem assim repetem os mesmos comportamentos, erram os mesmos erros. Nada as tira do seu caminho. Ninguém consegue levá-las a rever seus paradígmas. Ninguém consegue semear em seus corações.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Enclausurada Pelo Próprio Mundo

Duas lagartas teceram cada uma seu casulo. Naquele ambiente protegido, foram transformadas em belíssimas borboletas. Quando estavam prestes a sair e voar livremente, vieram as ponderações. Uma borboleta, sentindo-se frágil, pensou consigo: "A vida lá fora tem muitos perigos. Poderei ser despedaçada e comida por um pássaro. E mesmo se um predador não me atacar, poderei sofrer com as tempestades. Um raio poderá me atingir. As chuvas poderão estragar minhas asas, levando-me a tombar no chão. Além disso, a primavera está acabando, e se faltar o néctar? Quem irá me socorrer?".

Os riscos de fato eram muitos, e a pequena borboleta tinha suas razões. Amedrontada, resolveu não partir. Ficou no seu protegido casulo, mas como não tinha como sobreviver, morreu de um modo triste, desnutrida, desidratada e, pior ainda, enclausurada pelo mundo que tecera.

A outra borboleta também ficou apreensiva: tinha medo do mundo lá fora, sabia que muitas borboletas não duravam um dia fora do casulo, mas amou a liberdade mais do que os acidentes que viriam. E assim, partiu. Voou em direção a todos os perigos. Preferiu ser uma caminhante em busca da única coisa que determinava a sua essência.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Um Rei Que Nunca Deixou Seu Trono

Certo rei teve um sonho. Nele, viu as misérias e as aflições que abatiam os seus mais simples súditos. Teve um sono perturbador. Ao amanhecer, brotou em sua alma um sentimento que nunca tinha tido antes, a compaixão. Condoído com a miséria do seu povo, resolveu se disfarçar de mendigo e sair bem cedo pelas ruas do seu reino. Queria compreender de perto as angústias das pessoas. Desejava passar fome, frio, sentir-se rejeitado, viver anonimamente, enfim, viver o que a grande massa do seu povo vivia. Pensou que somente conhecendo imtimamente o seu povo poderia ser um grande rei.

Chamou seus ministros, disse-lhes sua intenção e pediu segredo. Comentou que pretendia ficar um mês longe das mordomias do trono. Os ministros, encantados com sua humildade, o aplaudiram. O rei, revelando uma modéstia nunca antes demonstrada, agradeceu.

Travestido de mendigo saiu do palácio ocultamente, antes dos primeiros raios de sol. Não se alimentou de seu farto café. Às dez da manhã, pediu pão numa casa, recebeu um pedaço embolorado. Recusou-se a comer e reclamou do bocado. Paciência não era uma das suas virtudes, mas o rei procurou se acalmar.

No almoço, de estômago vazio, sentiu um aperto na alma e no peito nunca antes sentido, era a fome. Saindo pelas casas, ganhou restos de comida do jantar da noite anterior. O cheiro azedo embrulhou-lhe o estômago, não almoçou. Aos que lhe negavam comida, esbravejava: "Miseráveis!". Os donos das casas nunca tinham visto um pobre tão petulante.

À tarde, encontrou alguns mendigos na praça. Puxando assunto, não lhes deram atenção. Insistiu para ser ouvido e não o ouviram, perceberam nele um aroma de arrogância. Sentindo-se desprezado, irou-se e levantou a voz. Em troca, recebeu alguns tapas e safanões. Sabem o que aconteceu? O rei jogou a toalha e retomou imediatamente o seu trono.

De volta ao palácio, listou os homens que o ofenderam e mandou seus guardas encarcerá-los. Listou também os que lhe negaram alimento fresco e mandou açoitá-los. Por que o rei desistiu em menos de vinte e quatro horas de ser um homem simples, de conhecer as misérias dos seus súditos? Porque enquanto foi "povo", nunca deixou de ser rei.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O amor de Deus pela Humanidade

"Quem nos assegura que não somos marionetes do poder do Criador? Será que não somos objetos do seu divertimento que mais tarde serão descartados no torvelinho do tempo?"
Muitas pessoas, por não analisarem a história de Cristo têm questionado dessa maneira ao olharem para o Universo.
Nas sociedades humanas, mesmo nas democráticas, somos mais um número de identidade, mais um ser que compõe a massa da sociedade. Contudo, Jesus veio com a missão de proclamar ao mundo que o homem é singular para Deus, e que o Deus auto-existente e sempiterno se importa realmente com os complicados mortais.

Na parábola do filho pródigo, da ovelha perdida e de tantas outras, este agradável contador de histórias empenha a sua própria palavra afirmando categoricamente que o ser humano não é um objeto descartável do Criador, mas cada um deles é um ser insubstituível e inigualável, apesar dos seus erros, falhas, fragilidades e dificuldades. Jesus usou seu próprio sangue como tinta para escrever um tratado eterno entre o Criador e criatura.

Se os textos dos evangelhos não nos tivessem relatados, não seria possível a mente humana conceber a idéia de que o autor da existência tivesse um filho e que, por amar a humanidade incondicionalmente, Ele o enviaria ao mundo para viver as condições mais inumanas e, por fim, se sacrificar por ela. Como pode o Criador amar a tal ponto uma espécie tão cheia de defeitos, cuja história está mergulhada num mar de injustiças e violação de direitos?
O filho morreu como o mais indigno dos homens e, paralelamente, enquanto ele morria, o Pai chorava intensamente, ainda que não possamos atribuir lágrimas físicas a Deus. Ele chorava a cada ferida, hematoma e estalido de martelo que cravava seu filho na cruz.

Os pais não suportam a dor dos seus filhos. Uma pequena ferida de um deles é capaz de fazer alguns entrarem em desespero. Por isso, um dos maiores desejos deles é fechar seus olhos antes dos seus filhos.
Vê-los morrer é indubitavelmente a maior dor que podem sofrer. Agora, imagine a dor do Pai pedindo para Jesus se entregar voluntariamente e deixar que os homens o julgassem.

Segundo as Escrituras Sagradas, há dois mil anos aconteceu o evento mais importante da história. O mais dócil e amável dos homens foi espancado, ferido e torturado. O seu Pai estava assistindo a todo o seu martírio. Podia fazer tudo por ele, mas, se interviesse a humanidade estaria excluída do seu plano. Por isso, nada fez. Foi a primeira vez na história que um pai teve pleno poder e pleno desejo de salvar o seu filho, de estancar a sua dor e punir os seus inimigos e se absteve de fazê-lo. Quem mais sofreu, o filho ou o Pai? Ambos.

Ambos viveram o mais impressionante espetáculo de dor. O comportamento do "Deus Pai" e o do "Deus filho" implodem completamente nossos paradigmas religiosos e filosóficos, dilaceram os parâmetros da psicologia. Em vez de exigirem sacrifícios e reverências da humanidade, ambos se sacrificaram por ela. Pagaram um preço indescritível para dar para eles o que consideram a maior dádiva que um ser humano pode receber, o ESPÍRITO SANTO.

O Pai e o Filho são fortes ou fracos? Fortes a tal ponto que não precisavam mostrar sua força. Grandes a tal ponto que se misturavam com os homens mais desprezados da sociedade. Nobres a tal ponto que queriam ser amados pelos homens, e não tê-los como seus escravos ou servos. Pequenos a tal ponto que só são perspectiveis àqueles que enxergam com o coração. Somente alguém tão forte e tão grande consegue se fazer tão pequeno e acessível.

As metas de Jesus não eram os seus milagres exteriores. Esses eram pequenos perto do seu real desejo de transformar o interior do homem e fazer uma faxina nos porões inconscientes de sua memória.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Velejar Para Dentro de Nós

As biografias de Cristo indicam que ele fazia muitos milagres, mas não fazia milagres na alma, na personalidade. O contato com Jesus produzia um imenso prazer e liberdade, uma intensa mudança interior, mas essa mudança precisava criar raízes pouco a pouco nos sinuosos territórios da vida. Caso contrário, ela se tornava superficial e se evaporava no calor do dia, ao se deparar com as dificuldades inevitáveis. Foi com esse objetivo quer proferiu a parábola do semeador.

A personalidade precisa de transformação, e não de milagres. Expandir a arte de pensar, aprender a filtrar os estímulos estressantes, investir em sabedoria nos invernos da vida. São funções nobilíssimas de personalidade que não se conquista facilmente, nem em pouco tempo. Se um milagre pudesse expandir a inteligência e resolver os conflitos psíquicos, por que ele não sanou a fragilidade de Pedro, impedindo que ele o negasse, nem evitou o sono estressante dos seus amigos? Note que até para aliviar a sua própria dor, Cristo evitou milagres.
Gostamos de eliminar rápida e instantâneamente nossos sofrimentos. Mas não temos êxito. Não há ferramentas para isso. Temos de aprender com o Mestre a velejar para dentro de nós mesmos, enfrentar a dor com ousadia e dignidade e usá-la para lapidar a alma.

- Trecho de "O Mestre da Sensibilidade (Análise da Inteligência de Cristo)", de Augusto Cury. 

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O Anonimato de Deus

Ao olharmos para o universo percebemos tudo tão belo e organizado, entretanto onde está o Seu Autor? Se há um Deus no universo, por que Ele deixa a mente humana em suspense e não mostra claramente a sua identidade? Se Ele é onisciente, ou seja, se tem plena consciência de todas as coisas, inclusive das nossas indagações a seu respeito, por que não resolve as dúvidas que há séculos nos perturbam?

O universo todo, incluindo as milhões de espécies da natureza, acusam a existência de um criador. Todavia, apesar de ter feito uma obra fantástica, Ele não quis assiná-la. Por que não? Não quis porque Ele é um mero fruto da nossa mente e, portanto, não existe, ou porque Ele possui uma personalidade que rejeita o exibicionismo? Essa é uma grande questão!

Muitos se tornaram ateus porque não encontraram respostas para suas dúvidas. Outros, no entanto, procuram o Criador com os olhos do coração e, por isso, afirmam encontrar sua assinatura em cada lugar e em cada momento, nas serenatas dos pássaros, na anatomia das flores e até nos sorrisos das pessoas...

É próprio de um autor assinar a sua obra, ainda que com pseudônimo, mas, ao que tudo indica, o Criador deixou que os inumeráveis detalhes da sua criação falassem por si só, fossem a sua própria assinatura.

Alguns administradores públicos realizam pequenas obras, mas, ao inaugurá-las, fazem grandes discursos. O autor da existência, ao contrário, fez obras admiráveis, tão grandes que todas as enciclopédias do mundo não poderiam descrevê-las, contudo não fez nenhum discurso de inauguração.

Ninguém invade a esfera patrimonial de alguém sob pena de, ao fazê-lo, sofrer uma ação judicial. Contudo, estamos vivendo numa propriedade, a Terra, onde dela retiramos o alimento para viver, o ar para respirar e ainda fazemos dela um território para morar. Mas onde está o proprietário deste planeta azul, imergido no tempo e no espaço, que se destaca dos trilhões de outros no cosmos? Por que ele não reivindica o que é seu e nos cobra "impostos" para usufruir sua mais excelente propriedade? Estas são questões importantes!

Existiram em toda a história, homens no campo filosófico e teológico que consumiram grande parte de sua energia mental tentando descobrir os mistérios da existência. E quanto mais perguntaram, mais aumentaram suas dúvidas. Por que o autor da vida não se revela sem rodeios a essa espécie pensante, à qual pertencemos?
Alguns argumentarão: Ele deixou diversos escritos de homens que tiveram o privilégio de conhecer parte dos seus desígnios. Tome como exemplo a Bíblia. Ela tem dezenas de livros e demorou cerca de 1500 anos para ser escrita. Convenhamos que, ainda que possamos mergulhar nos textos bíblicos e ficar encantados com muitas de suas passagens, temos de reconhecer que Deus é um ser misterioso e muito difícil de ser compreendido. Apesar de onipresente, Ele não se mostra claramente, por isso usou homens para escrever algo sobre si.

Isaías foi um dos maiores profetas das Antigas Escrituras. Em um dos seus textos, ele fez uma constatação brilhante sobre uma característica de Deus que só os mais sensíveis conseguem perceber. Disse: "...verdadeiramente Tu é um Deus que se encobre" - Is 45.15

Certo dia, Elias, outro profeta de Israel, atravessava um grande problema. Estava sendo perseguido e corria grave risco de vida. Conflitante, se escondeu da presença dos seus inimigos e perguntava onde estaria o Deus a que ele servia. Este fez surgir um vento impetuoso, mas Ele não estava no vento. Fez surgir um forte fogo, mas também não estava na violência das suas labaredas. Então, para o espanto de Elias, Ele fez surgir uma brisa suave, quase que imperceptível, e lá Ele estava. (1Re 19.11-13)

É próprio do homem amar os aplausos, gostar da aparência, ter prazer no poder e se sentir acima dos seus pares. Amamos os grandes eventos, mas Deus ama as coisas singelas. É preciso enxergar as coisas pequenas para encontrar Aquele que é grande.
Gostamos das torrentes de águas, mas Ele prefere o silêncio da brisa, a umidade anônima dos orvalhos.

- Trecho de "O Mestre da Sensibilidade (Análise da Inteligência de Cristo), de 
Augusto Cury

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A Natureza Humana...e Cristo

Embora a temporalidade da vida seja breve, ela é suficientemente longa para se errar muito. Temos atitudes individualistas, egocêntricas, simulatórias, agressivas. Julgamos sem tolerância as pessoas que mais amamos. Rejeitamos as pessoas que nos contrariam. Prometemos a nós mesmos que iremos, de agora em diante, pensar antes de reagir, mas o tempo passa e, frequentemente, continuamos vítimas de nossa impulsividade. Temos enormes dificuldades de enxergar o mundo com os olhos dos outros.
Queremos que primeiramente o mundo gravite em torno de nossas necessidades para depois pensarmos nas necessidades daqueles que nos circundam. Somos rápidos para reclamar e lentos para agradecer. Produzimos um universo de pensamentos contra a nossa própria qualidade de vida e não temos disposição e, às vezes, nem habilidade para reciclá-los.

Todos falhamos continuamente em nossa história de vida. Só não consegue admitir sua fragilidade quem é incapaz de olhar para dentro de si mesmo ou quem possui uma vida sem qualquer princípio ético. Por detrás das pessoas mais moralistas, que vivem apontando o dedo para os outros, existe, no palco de suas mentes, um mundo de idéias nada puritanas.

Somos senhores do mundo em que estamos, mas não senhores do mundo que somos. Governamos máquinas, mas não governamos alguns fenômenos inconscientes que lêem a memória e constroem as cadeias de pensamentos. Todos temos grandes dificuldades de administrar a energia emocional. Por isso, apesar de possuirmos uma inteligência tão sofisticada, somos frágeis e passíveis de tantos erros. Somos uma espécie que claudica entre os acertos e erros de toda sorte.

Todavia, agora vem um galileu que não frequentou escolas e diz, para o nosso espanto, que veio para nos dar o inacreditável: a vida eterna. E, ao invés de nos cobrar grandes atitudes para consegui-la, de determinar com severidade que não cometamos qualquer tipo de erro ou imoralidade, ele não exige nada de nós, apenas de si mesmo. Ele morre para que não morramos, sofre para que não soframos. Exige derramar o seu próprio sangue para nos justificar perante o autor da existência. Só não se perturba com as idéias de Cristo quem é incapaz de analisá-la.

- Trecho do Livro "O Mestre da Sensibilidade (Análise da Inteligência de Cristo)", de Augusto Cury. 

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Os Invernos Existenciais

"Qualquer pessoa aprende bem
com as primaveras da vida,
mas só os sábios aprendem a viver
com dignidade nos invernos existenciais".
Todos elogiam a primavera e esperam ansiosamente por ela, pois pensam que as flores surgem nessa época do ano. Na realidade, as flores surgem no inverno, ainda que clandestinamente, e se manifestam na primavera. A escassez hídrica, o frio, a baixa luminosidade, pertinentes ao inverno, castigam as plantas, levando-as a produzir metabolicamente as flores que desabrocharão na primavera.

As flores contém as sementes, e as sementes expressam uma tentativa de continuação do ciclo da vida das plantas diante das intempéries que atravessam no inverno. O caos do inverno é responsável pelas flores da primavera.

- Trecho do Livro "Análise da Inteligência de Cristo (o Mestre dos Mestres), de Augusto Cury.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

O Binômio do Certo e do Errado

 "Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os seus discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?" - João 9.1-2
Aquela pessoas esperavam que ele dissesse que a deficiência era devido a um erro que ele mesmo havia cometido ou que os seus pais tivessem cometido no passado. Tais pessoas estavam escravizadas pelo binômio do certo e errado, do erro e da punição. Mas, para surpresa delas, ele disse uma frase de difícil interpretação: "Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus."


Aparentemente suas palavras eram estranhas, mas por meio delas ele colocou as dores da existência em outra perspectiva. Todos nós abominamos as dores e dificuldades da vida. Procuramos bani-las a qualquer custo de nossas histórias. Entretanto, o mestre da escola da vida queria dizer que o sofrimento deveria ser trabalhado e superado no âmago do espírito e da alma. Tal superação produziria algo tão rico dentro da pessoa deficiente que a sua limitação se tornaria uma "glória para o Criador". De fato, as pessoas que superam as suas limitações físicas e emocionais (depressão, síndrome do pânico etc.) ficam mais bonitas, exalam um perfume de sabedoria que denuncia que a vida vale a pena ser vivida, mesmo com suas turbulências.

Jesus queria expressar que era possível ter deficiências e dificuldades e, ainda assim, viver a vida como um espetáculo de prazer. Um espetáculo que somente pode ser vivido por aqueles que sabem caminhar dentro de si mesmos e se tornar agentes modificadores de sua história.


- Trecho do Livro "O Mestre da Sensibilidade (Análise da Inteligência de Cristo)", de Augusto Cury.