sábado, 11 de agosto de 2012

O Sermão do Monte

Durante  anos pensei que o sermão do monte fosse um modelo para o comportamento humano que ninguém conseguiria seguir. Lendo-o de novo, descobri que Jesus pronunciou essas palavras não para nos sobrecarregar, mas para nos dizer como Deus é. O caráter de Deus é a matriz do sermão do monte. 

Por que deveríamos amar os nossos inimigos? Porque o Pai clemente faz o seu  sol nascer sobre maus e bons. Por que ser perfeito? Porque Deus é perfeito. Por que acumular tesouros no céu? Porque o Pai vive lá e vai nos recompensar prodigamente. Por que viver sem medo e sem preocupação? Porque o mesmo Deus que veste os lírios e a vegetação do campo também prometeu cuidar de nós. Por que orar? Se um pai terrestre dá pão e peixe ao filho, quanto mais o Pai no céu dará boas dádivas àqueles que lhe pedirem.

Como poderia não ter percebido isso? Jesus não proclamou o sermão do monte para que nós vincássemos a testa em desespero por não conseguirmos alcançar a perfeição. Ele o deu para nos transmitir o ideal de Deus para o qual não devemos nunca parar de avançar, mas também para nos mostrar que nenhum de nós jamais atingirá esse ideal. 

O sermão do monte nos força a reconhecer a grande distância entre Deus e nós, e qualquer tentativa de reduzir essa distância de alguma forma moderando suas exigências nos faz erras o alvo completamente. 

A pior tragédia seria transformar o sermão do monte em outra forma de legalismo, ele deveria, antes, acabar com todo o legalismo. O legalismo, como os fariseus, vai sempre falhar, não porque seja severo demais, mas porque não é suficientemente severo. 

Trovejando, o sermão do monte prova indiscutivelmente que diante de Deus todos estão no mesmo nível: assassinos e "pavios-curtos", adúlteros e concupiscentes, ladrões e cobiçosos. Todos estamos desesperados, e esse é de fato o único estado apropriado para um ser humano que deseja conhecer a Deus. 

Tendo-se afastado do ideal absoluto, não temos onde aterrissar, a não ser na segurança da graça absoluta.

Trecho do Livro "O Jesus Que Eu Nunca Conheci", de Philip Yancey.

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