domingo, 12 de agosto de 2012

Carta à Um Crítico

"Não julguem os santos ideais de Deus
pela minha incapacidade de alcançá-los.
Não julguem Cristo por aqueles de nós
que  imperfeitamente usam o seu nome".
"Você prega muito bem, mas executa o que prega?"

Essa é a mais natural das perguntas, que sempre me fazem; geralmente é feita de maneira vitoriosa, como se fosse um meio de fechar a minha boca. "Você prega, mas como você vive?" Eu respondo que não prego, que não sou capaz de pregar, embora o deseje apaixonadamente. Só posso pregar pelas minhas ações, e minhas ações são vis. Eu respondo que sou culpado, e vil, e digno de desprezo pelo meu fracasso em vivê-los. 

É verdade que não tenho cumprido a milésima parte deles, e tenho vergonha disso, mas deixei de cumpri-los não porque não quisesse, mas porque não fui capaz. Ensine-me a escapar da rede das tentações que me rodeiam, ajude-me e os cumprirei; mesmo sem ajuda quero e espero cumpri-los.

"Ataque-me, eu mesmo o faço, mas ataque-me em vez de atacar o caminho que sigo e que aponto a qualquer um que me pergunta onde acho que ele se encontra. Se conheço o caminho para casa e estou andando por ele como um bêbado, ele não deixa de ser o caminho certo apenas porque estou cambaleando de um lado para outro! Se não é o caminho certo, então me mostre outro caminho; mas se cambaleio e perco o caminho, você deve ajudar-me, você deve manter-me no caminho verdadeiro, exatamente como estou pronto a apoiar você.

Não me desencaminhe, não se alegre porque me perdi, não grite de alegria: "Vejam-no! Ele disse que está indo para casa, mas ali está ele rastejando em um atoleiro". Não, não se regozije com o meu erro, mas me dê a sua ajuda e o seu apoio. 

- Leon Tolstoi. 

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