Há pouco tempo atrás quando entrei em um avião, caminhei pelo corredor, localizei minha poltrona e sentei-me ao lado de uma pessoa muito estranha.
O homem a meu lado trajava roupão e chinelos. Estava vestido para descansar, e não para viajar. Sua poltrona também era diferente. A minha era forrada de tecido como as poltronas dos demais aviões, a dele era forrada de fino couro.
- Importado -, disse ele, ao notar minha curiosidade. - Comprei-o na Argentina e eu mesmo forrei esta poltrona.
Antes de eu dizer alguma coisa, ele apontou para algumas pedras incrustadas no braço da poltrona.
- Comprei os rubis na África. Custaram uma fortuna.
Aquilo foi só o começo. Sua mesa dobrável era de mogno. Havia uma TV portátil instalada perto da janela. Acima de nós notei um pequeno ventilador de teto e uma lâmpada esférica. Eu nunca vira algo assim. Minha pergunta foi a mais óbvia possível:
- Por que o senhor gastou tanto tempo e dinheiro em uma poltrona de avião?
- Moro aqui - explicou. - Faço deste avião a minha casa.
- O senhor nunca desembarca?
- Nunca! Para que desembarcar e deixar tanto conforto?
Incrível. O homem fez de um meio de transporte o seu lar. Fez de uma viagem a sua residência. Difícil de acreditar? Acha que estou exagerando? Bem, talvez eu não tenha visto tamanha extravagância em um avião, mas vejo na vida. E você também.
Você tem visto pessoas tratarem este mundo como se fosse um lar permanente. Não é. Tem visto pessoas gastarem tempo e energia na vida como se ela fosse durar eternamente. Não durará. Tem visto pessoas tão orgulhosas do que fizeram que esperam nunca ter de partir daqui. Partirão.
Todos nós partiremos. Estamos aqui transitoriamente. Um dia o avião pousará e começará o desembarque. Sábios aqueles que estarão prontos quando o piloto disser que é hora de desembarcar. Não sei muita coisa, mas sei como viajar. Levar pouca bagagem. Comer alimentos leves. Tirar um cochilo. E desembarcar quando chegar ao destino.
- Trecho do Livro "Quando os Anjos Silenciaram", de Max Lucado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário