segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Queremos Atenção

Cris garantiu um lugar ao lado do Ted enquanto cami­nhavam pela praia. Estava em dúvida se deveria segurar no braço dele, como no aeroporto, ou esperar que ele lhe pegasse a mão. 

Cris pensou um monte de coisas para dizer a ele, enquanto sentia a brisa acariciar seus ombros. Mas ela não conseguia falar, porque ficava esperando que o Ted lhe pusesse o braço na cintura ou lhe tomasse a mão. Como ele não se animava a fazê-lo, ela ficou se debatendo sobre um modo de incentivá-lo a isso, mesmo vendo que a mãe, Bob e David observavam tudo de trás. Sabia que era capaz de ser um pouco mais "pra frente" como sua amiga Paula. Podia colocar o braço no do Ted e dizer: "Está uma noite espetacular, não? Que cenário perfeito para o meu aniversário! É tão romântico, não acha, Ted?" 

Está bem, Cris, disse para si mesma. Vamos lá! Faça alguma coisa. 

- Sabe, principiou Ted quebrando o silêncio entre eles, e ela aproximou-se mais, para que os outros não os ouvissem. Essa é uma das coisas de que mais gosto sobre você, Cris. Você não joga sujo, nem descamba no flerte, como tantas outras garotas. 

Ela engoliu o elogio em silêncio, como que apanhada de surpresa. 

"Se você soubesse, Ted! Mais um minuto e eu teria entrado nesse jogo sim".

- Mas bem que eu pensei nisso, disse Cris, perplexa em face de tamanha sinceridade. 

- Verdade? indagou Ted olhando-a com um jeito curioso. No que as garotas pensam? Quer dizer, por que elas fazem isso com a gente? 

Cris não se permitiu uma pausa. Se hesitasse, talvez não dissesse as coisas que sentia de verdade, e que muitas vezes desejara dizer ao Ted mas acabara perdendo a coragem de fazê-lo. 

- Acho que queremos é atenção; queremos descobrir o que o cara está pensando ou o que ele sente em relação a nós. 

- Mas isso está às avessas, disse Ted. Eu acho que o rapaz é que tem de tomar a iniciativa, e a garota deve apenas corres­ponder. Não o contrário. 

- Mas você não sabe como a gente se sente, tendo de esperar um tempão até que o rapaz comece o namoro. Se ele não toma a iniciativa a gente acha que ele não está interessado. 

- Então as garotas avaliam o interesse dos rapazes por elas com base no quanto ele toca nelas? indagou ele com a voz mais aguda, denotando surpresa. 

Cris ficou imaginando se os outros estariam ouvindo a conversa. Mas ela estava conseguindo dizer ao Ted tanta coisa que havia tempo desejava dizer, que preferiu continuar con­versando, mas falando baixinho. 

- Concordo que a garota deve deixar ao rapaz o direito de tomar as iniciativas, mas também acho que, às vezes, ele deveria ser um pouco mais carinhoso, por exemplo, segurando a mão dela ou assumindo outras expressões daquilo que ele sente por ela. Tudo isso sem muito estardalhaço, é claro. 

Cris fitava o Ted e via, à luz fraca do ambiente, uma expressão de surpresa em seu rosto, como se ele nunca tivesse considerado antes a questão. 

- Faz sentido? perguntou ela. O que quero dizer é que, se um cara segura a mão duma garota ou coisa parecida, ela fica sabendo que ele gosta dela. Só isso. Não quer dizer que ele esteja tentando, sabe, se aproveitar dela ou coisa parecida. Só significa que ela é muito importante para ele.

- Trecho do Livro "Ilha dos Sonhos - Série Cris 05", de Robin Jones Gunn.

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