domingo, 7 de outubro de 2012

Contando Estrelas

— A última vez que olhei as estrelas assim foi na véspera de Natal, disse Ted. 

— Verdade? Eu também! Estávamos nas montanhas no dia 24 e eu fiquei sentada um tempão num sofazinho junto da janela do quarto, disse Cris. 

— Imagine só. Estávamos olhando as mesmas estrelas na­quela noite. Só que eu estava numa praia a sete mil quilôme­tros daqui. No que é que você estava pensando? 

Cris gostaria de poder contar que estava pensando nele, e sonhando com o momento em que ele voltasse. Mas não podia mentir. 

— Eu estava pensando em Jesus, quando ele nasceu aqui no mundo. Estava imaginando se ele viu a estrela de Belém que brilhou sobre a sua manjedoura. 

— Sabe no que eu estava pensando? Em Abraão.

Cris queria que ele dissesse que estava pensando nela. Mas afinal de contas, por que estranharia que o Ted pensasse em algo espiritual e meio inusitado na véspera do Natal? 

"Afinal, eu estava pensando em Jesus olhando as estrelas da manjedoura. Ah não! Quem sabe estou começando a pensar em tudo em termos espirituais como o Ted!"

— Lembra-se da promessa que Deus fez para ele? perguntou Ted, interrompendo-lhe o pensamento. 

— Não é que ele seria o pai de uma grande nação? 

— Isso, pai de uma grande nação, mas ele não tinha nenhum filho. Parecia uma grande piada. E então, certa noite, Deus man­dou que ele saísse de sua tenda e disse: "Olhe para os céus, ô meu! Conte as estrelas se você consegue. É assim que serão os seus descendentes"! 

— Eu me lembro dessa história. 

— Bem, você sabia que depois dessa promessa, Deus ficou em silêncio? Demorou muitos anos para falar novamente com Abraão? 

Ela sempre gostara da compreensão que Ted tinha das coisas de Deus, e hoje aquilo parecia ainda mais maravilhoso, debaixo daquele céu repleto de estrelas, as mesmas estrelas que Deus apontara a Abraão naquela noite santa milhares de anos atrás. 

— Entendeu? Deus fez uma promessa e sumiu. Pode imagi­nar como Abraão se sentiu, ano após ano? Sem filhos e sem nenhuma prova de que Deus lhe falara. Só tinha um monte de estrelas silenciosas no céu, que ele podia ficar contando e con­tinuando a crer que Deus realmente lhe tinha feito uma pro­messa. 

— Isso exige muita fé. 

— Quero ter fé igual a dele, disse Ted, virando-se para Cris. Sua voz ficou mais grave. 

— Não sei exatamente o que Deus me prometeu a seu respei­to, sobre nós, e sobre o futuro, comentou ele. 

Cris escutava seu coração batendo mais forte. Havia dois anos que esperava o Ted falar de um compromisso com ela. Será que seria agora? 

— Creio que Deus planejou que fôssemos amigos. Amigos muito chegados. Eu lhe prometi que seria seu amigo para sem­pre, Kilikina. Quero ter fé como a de Abraão, sabendo que, seja o que Deus quiser, ele cumprirá seus propósitos para nós no tempo dele. Quero continuar escutando a voz de Deus. 

Então passou o braço em volta de Cris e puxou-a para mais perto, dizendo: 

— Por ora, parece que temos que continuar contando estre­las. 

Cris acomodou a cabeça sobre o ombro de Ted e sussurrou para a noite estrelada: 

Então é aqui mesmo que quero estar. Ao seu lado, contando estre­las.

- Trecho do Livro "Noite Estrelada - Série Cris 08", de Robin Jones Gunn.

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