Quando o carro estava descendo a rampa de entrada da garagem, Cris, chorando, deu uma última olhada na casa e na praia, e pensou no Ted mais uma vez. Estava tudo acabado: as férias, seu primeiro amor...
O carro parou no sinal fechado. Era o mesmo cruzamento que ela e Ted haviam atravessado no passeio de bicicleta dupla. Ted. Só pensar nele dava uma dor no coração! Cris engoliu em seco, tentando desfazer um nó na garganta.
- Estou de farol aceso? perguntou Bob (tio de Cris) a Marta (sua esposa).
- Não.
- Então por que o cara atrás de mim está piscando os faróis e abanando as mãos?
Cris virou-se.
- É o Ted! Fique parado aí!
- Mas querida, o sinal acabou de abrir! protestou Marta.
Cris saltou do carro e correu até a "Kombi Nada". Ted desceu da kombi, deixando o motor ligado, e entregou-lhe um pequeno buquê de cravos brancos. Sua flor predileta! Como ele sabia? Será que havia conversado com sua tia de novo? Nessas alturas, não estava nem se importando mais.
- Ainda bem que você parou, disse Ted, com um sorriso que fazia aparecer as covinhas. A buzina da "Kombi Nada" não quer funcionar hoje.
- Obrigada pelas flores.
- De nada. Ei! A Trícia me telefonou ontem e contou que você aceitou a Cristo!
- Sim! disse Cris, baixando timidamente o olhar. Finalmente tudo fez sentido, e percebi que era hora de entrar no barco como você havia dito.
- Você nem imagina o quanto estou feliz! Tenho estado tão chateado com a história do Sam... Mas saber que você tornou-se cristã é o fato mais animador que poderia me acontecer no momento.
Olhando mais uma vez seu rosto forte e bronzeado, Cris tentava desesperadamente memorizar tudo nele: os olhos azul-prateados, as covinhas, o cabelo clareado pelo sol.
O motorista do carro atrás de Ted, cansado de esperar, deu a volta, passou por eles buzinando e atravessou o sinal amarelo.
- Acho que precisamos ir, disse Ted, com um daqueles seus maravilhosos sorrisos confiantes. Meu endereço na Flórida está no cartãozinho das flores. Não prometo escrever muito, mas se você me escrever, prometo responder.
- Tudo bem, concordou ela, esforçando-se para não chorar, e sussurrou: Até logo, Ted.
Ele se inclinou, lá no meio da avenida, na frente de todo mundo, e lhe deu um beijo suave nos lábios. Um beijo breve e terno. O tipo que vem somente do amor inocente, cuja memória dura para sempre.
- Vou sentir sua falta, murmurou Ted.
- Eu também vou sentir sua falta!
Ted ergueu o olhar e mudou o tom de voz.
- Sinal verde de novo. Precisamos ir.
- Até logo! gritou ela, correndo para o carro. Prometo escrever.
Bob acelerou, deixando a "Kombi Nada" para trás no sinal fechado.
Por alguns instantes reinou profundo silêncio no carro, enquanto Cris encostava os lábios no buquê de cravos, relembrando aquele primeiro beijo.
- Bem, disse Marta com satisfação. Só para você saber, eu não tive nada a ver com esse encontro.
- Não mesmo? disse Cris com voz leve e em tom sonhador. Como ele soube que cravos brancos eram meus prediletos?
- Kismet, declarou Bob.
- O que é isso?
- Algumas coisas são simplesmente inexplicáveis. Você tem de entender que há uma força superior comandando tudo.
- E há mesmo! concordou Cris. Eu o conheço pessoalmente.
- Bem, isso é muito bonito, querida. É uma forma simpática de se pensar em Deus.
Marta abaixou o quebra-sol para verificar a maquiagem no espelhinho.
- É mais que isso. Eu fiz uma promessa a Deus nestas ferias. Prometi a ele todo o meu coração. Agora confio nele e espero que ele faça aquilo que achar melhor na minha vida.
- Trecho do Livro "Promessas de Verão - Série Cris 01", de Robin Jones Gunn.
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