segunda-feira, 2 de julho de 2012

Lugar Seguro


Certa noite, fiquei revirando na cama durante uma hora, enquanto escutava o barulho da guerra sendo travada lá fora. Afinal, ouvi um barulho na cozinha. Minha irmã Betsie estava lá. Desci e fui vê-la. Ela estava fazendo chá. Trouxe-o para a sala de jantar, cujas janelas havíamos recoberto com papel grosso e preto, e pôs na mesa a nossa melhor louça. Ouviu-se uma explosão a alguma distância dali; os pratos tremeram no armário. 

Ficamos uma hora conversando e saboreando o chá, até que finalmente o zumbido dos aviões cessou, e o céu ficou em silêncio. Dei boa-noite a Betsie, e subi para o meu quarto, tateando no escuro. A claridade desaparecera. Pus as mãos na cama; aqui estava o travesseiro. Então, minha mão se chocou com um objeto duro e cortante. Senti o sangue escorrer de um dos dedos. Era um pedaço de metal de bordas irregulares: um estilhaço de bomba, de cerca de trinta centímetros de comprimento. 

- Betsie! 
Corri escada abaixo com o estilhaço na mão. Fomos para a sala de jantar, e pusemo-nos a examiná-lo à luz da lâmpada, ao mesmo tempo que Betsie cuidava do ferimento. 
- No seu travesseiro..., murmurou ela várias vezes. 
- Betsie, se eu não tivesse ouvido você na cozinha. Ela colocou um dedo sobre meus lábios. 

- Não diga nada, Corrie. No reino de Deus não há "se". E também não há um lugar que seja mais seguro que outro. O único lugar seguro é o centro da vontade de Deus. Corrie, vamos orar e pedir-lhe que possamos sempre saber qual é a sua vontade.

- Trecho do Livro "O Refúgio Secreto", de Corrie ten Boom.

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