quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A Parábola do Semeador: Quarto Solo

Chegamos à boa terra, o solo que o mestre da vida queria para plantar e cultivar as mais importantes funções da personalidade. Jesus ansiava por mudar o ecossistema da humanidade, mas ele precisava do coração humano para realizar essa tarefa. O coração psicológico que representa a boa terra foi o que removeu as pedras, suportou as dificuldades da vida, lançou raízes profundas nos tempos de aridez, debelou os problemas íntimos e, assim, criou um clima favorável para frutificar com abundância.

Quem representa a boa terra? O próprio Jesus disse que são os que compreenderam a sua palavra, refletiram sobre ela, permitiram que ela habitasse no seu ser. Comportaram-se como sedentos ansiosos pela água, como o ofegante ávido pelo ar, como crianças famintas pelo leite. Não eram movidos apenas pelo entusiasmo das boas novas, mas pela disposição desesperada de aprender.

Devo ressaltar que esse grupo privilegiado de pessoas não era o mais inteligente, culto, puro e ético. Muitos membros desse grupo eram complicados, tinham enormes defeitos, fracassaram inúmeras vezes, mas superaram seus conflitos, deram valor ao que realmente importava, abriram seu coração ao vendedor de sonhos e aplicaram a sua palavra dentro de si mesmos.

Para o mestre dos mestres os solos não eram estáticos. Um tipo de solo poderia se trasnformar em outro. Jesus usava várias ferramentas para poder corrigir os solos dos seus discípulos. Ao andar com eles, ele os colocava em situações difíceis, fazia-os entrar em contato com seu medo, ambição, conflitos. Ele os treinava constantemente a "arar" a alma, a esfacelar os torrões, a corrigir a acidez e a repor nutrientes.

Para o mestre da vida, nenhum solo era inútil ou imprestável. Uma prostituta poderia ser lapidada e ter mais destaque do que um fariseu. Um coletor de impostos corrupto e dissimulado poderia ser transformado a tal ponto que superaria no seu reino um líder espiritual puritano e moralista. Um psicopata inumano e violento poderia reciclar a sua vida a tal ponto que seria capaz de recitar poesias de amor, ter sentimentos altruístas e correr riscos para ajudar os outros.

Raramente alguém acreditou tanto no ser humano. Nunca alguém entendeu tanto das vielas da nossa emoção e desejou transformar o teatro da nossa mente num espetáculo de sabedoria...

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