Intérprete levou Cristiana até um quarto onde havia um homem que tinha na mão um ancinho e que não desgrudava os olhos do chão. Havia também outro homem, acima do primeiro, com uma coroa celestial nas mãos. Este propunha ao primeiro trocar a coroa pelo ancinho, mas ele não lhe dava ouvidos, nem mesmo tirava os olhos do chão. Com sua ferramenta, ele continuava a juntar as palhas, os gravetos e a poeira do quarto.
Esse primeiro homem, explica Interprete, é o símbolo do homem deste mundo. Quanto ao ancinho, simboliza os seus pensamentos mundanos. Como você vê, ele prefere prestar atenção às palhas, aos gravetos e à poeira do chão do que às palavras que lhe diz o homem lá de cima, que traz na mão a coroa celestial.
Essa cena - diz Intérprete - mostra que o céu não passa de fábula para alguns, e que as coisas daqui são tidas como as únicas essenciais. Você também observou que o homem só olhava para baixo, não? Pois isso é para mostrar a você que as coisas terrenas, quando arrebatam os pensamentos dos homens, afastam seu coração de Deus.
Cristiana - Ah! Liberte-me deste ancinho!
Intérprete - Essa oração foi esquecida, e hoje se acha quase enferrujada. "Não me dês (...) a riqueza" é, quando muito, oração de um dentre dez mil. Hoje, mais do que nunca, procuram-se palha, gravetos e poeira.
- Ai de nós! Porque isso é realmente verdade! - diz Cristiana
- Trecho do Livro "A Peregrina", de John Bunyan.
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