terça-feira, 10 de janeiro de 2012

A Andorinha e a Inundação na Floresta


Certa vez houve uma inundação numa imensa floresta. O choro das nuvens que deveriam promover a vida dessa vez anunciou a morte. Os grandes animais bateram em retirada fugindo do afogamento, deixando até os filhotes para trás.

Devastavam tudo o que estava à frente. Os animais menores seguiam seus rastros. De repente uma pequena andorinha, toda ensopada, apareceu na contra mão procurando a quem salvar.

As hienas viram a atitude da andorinha e ficaram admiradíssimas. Disseram: "Você é louca! O que poderá fazer com um corpo tão frágil?" Os abutres bradaram: "Utopia! Veja se enxerga a sua pequenez!" Por onde a frágil andorinha passava, era ridicularizada. 

Mas, atenta, procurava alguém que pudesse resgatar. Suas asas batiam fatigadas, quando viu um filhote de beija-flor debatendo-se na água, quase se entregando. Apesar de nunca ter aprendido a mergulhar, ela se atirou na água e com muito esforço pegou o diminuto pássaro pela asa esquerda. E bateu em retirada carregando o filhote no bico.

Ao retornar, encontrou outras hienas que não tardaram a declarar: "Maluca! Está querendo ser heroína?" Mas a andorinha não parou; muito fadigada, só descansou após deixar o pequeno beija-flor em local seguro.

Horas depois, encontrou as hienas debaixo de uma sombra. Fitando-as nos olhos, deu a sua resposta: "Só me sinto digna das minhas asas se eu as utilizar para fazer os outros voares."

No momento há muitas hienas e abutres na sociedade. Não esperem muito dos grandes animais. Esperem deles, sim, incompreensões, rejeições, calúnias e necessidades doentias de poder. Deus não os chama para serem agradáveis heróis, para terem seus feitos descritos nos anais da história, mas para serem pequenas andorinhas que sobrevoam anonimamente a sociedade amando desconhecidos e fazendo por eles o que está ao seu alcance.

Sejam dignos das suas asas. É na insignificância que se conquistam os grandes significados, é na pequenez que se realizam os grandes atos.

- Trecho do Livro "O Vendedor de Sonhos", de Augusto Cury.

Nenhum comentário:

Postar um comentário