segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Primeira Conversa

Elizabeth ficou observando as mãos de Johnny, enquanto ele tirava a embalagem de um cupcake com seus dedos compridos e delgados. “Mãos de homem”, pensou. Ficou sentada em silencio, sem saber o que dizer. Então ele quebrou o silêncio. 

- Você é bonita. Não quero deixar você envergonhada... Mas ninguém nunca lhe falou isso antes? 

Elizabeth já estava na quinta tonalidade de vermelho. Não estava acostumada a ficar perto de rapazes e não sabia muito bem como se portar. Embora estivesse terminado o colegial, ela levava uma vida protegida, um pouco devido à sua mãe e também ao fato de ser inibida. 

- Não, ninguém nunca falou isso, mas foi legal da sua parte. Obrigada. 

- Estou falando sério. Adoro o seu cabelo. Parece seda. Espero que você nunca o corte – disse ele, estendendo a mão para pegar uma das mechas compridas – Sua pele é como porcelana fina, disse ele, olhando o rosto dela intensamente. – Acho que não deveria estar fazendo isso. Sua mãe está nos vigiando. 

- Que chato! Eu sabia que ela faria isso. Sou filha única, e ela é superprotetora. Fico tão envergonhada. É como se fossemos nos casar hoje, ou algo assim. 

“Por favor, alguém me fale que não disse isso”, pensou ela fazendo uma autorepreensão. 

- Que isso! Nem beijei você ainda. 

- Não Posso. – respondeu a jovem rápido demais. 

O rosto dele ficou sério. Ela percebeu que ele não entendeu a resposta. Ela não acreditava que suas palavras haviam soado como uma rechaça. Teve de pensar rápido para consertar o estrago. 

- Porque você está com glacê no canto da boca. – disse ela, apontando para o rosto dele. 

Ele limpou os lábios com um guardanapo e os dois sorriram aliviados. 

- Além do mais, eu estava pensando em nos casarmos só daqui a um ano, pelo menos. – explicou ele. 

Elizabeth ficou atordoada. Johnny estava apenas flertando ou aquilo era sério? Ela não tinha certeza. Embora tivessem acabado de se conhecer, ela gostaria que suas palavras fossem sinceras. Tentou rapidamente achar a resposta apropriada. 

- Preciso terminar meu último ano do Ensino Médio e... 

- Acho que fui rápido demais, então vamos começar de novo. Você gostaria de sair para comer pizza na sexta? Eu estou livre. 

- Pizza? Quer dizer, sim, com você, pizza seria ótimo. 

Elizabeth jamais lhe diria que odiava pizza quando ele acabara de marcar um encontro. Poderiam comer até pedras, o que ela queria mesmo era passar tempo com ele.

- Trecho do Livro "Três Histórias, Um Destino", de R. R. Soares.

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