- Desculpe, sussurrou ela. É que não acho nada disso certo. Por que minha tia me fez de boba assim? Por que o Ted concordou em fazer o que ela queria? E por que tenho de ir para casa amanhã? Agora as coisas nunca vão dar certo entre mim e o Ted.
Cris percebeu que estava conversando com Deus como se fosse a coisa mais natural do mundo, da mesma forma como vira seus amigos falarem com ele.
- Não sei qual é o meu problema. Só sei que estou perdendo o controle das coisas. Parece que tudo ao meu redor está desmoronando. O que foi que eu fiz de errado, Deus?
No silêncio que se seguiu, uma lembrança atingiu-a como uma flecha: o pesadelo de semanas atrás. Ao recordá-lo, todos aqueles sentimentos voltaram, derrubando-a como uma onda em toda sua força. Era como se ela estivesse novamente dependurada na borda de um barco. Os tentáculos de algas marinhas estavam se enrolando nela, cada vez mais apertados. Estava vivenciando aquela sensação de terror novamente: o momento em que tinha de resolver se entraria no barco ou se deixaria as algas puxá-la para o fundo do mar. Só que desta vez estava acordada, e o sonho agora era a realidade que estava vivendo. Não dava para ignorá-lo.
Como o Ted dissera, Jesus era o barco. E se ela quisesse ir para o céu (ou para o Havaí, como Ted havia exemplificado), tinha de entrar no barco.
Cris compreendeu o que tinha de fazer, e teria de ser agora. Ajoelhou-se ao lado da cama, inclinou a cabeça e fechou os olhos. Falou alto, mas com voz calma.
- Deus, eu sei que o que falta em minha vida é você. Quer dizer, eu tenho ouvido falar de você minha vida inteira, mas não o conheço como o Ted e a Trícia dizem conhecer. E quero conhecê-lo pessoalmente. Entra em minha vida, Senhor. Perdoa os meus pecados e entra em minha vida agora mesmo. Prometo que todo o meu coração será seu pra sempre. Amém.
Abriu os olhos e virou-se para ver seu reflexo no espelho Não parecia diferente de quando se levantara da cama: cabelo desgrenhado, roupas amassadas, olhos de guaxinim (por causa do rímel manchado). Mas por dentro sabia que havia mudado. Nada de loucura emocional, nada disso. Simplesmente estava limpa. Segura. Feliz. Ela sorriu e abraçou a Bíblia. Acabara de entrar no barco, e a aventura estava prestes a começar.
- Trecho do Livro "Promessas de Verão - Série Cris 01", de Robin Jones Gunn.
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