Esperamos estar cheios de santidade, mas descobrimos que nos falta santidade. Isto nos inquieta e nos preocupa. Deus não nos pede nunca que façamos este excesso de introspecção. Fazê-lo constitui uma das principais causas do estancamento espiritual. Nosso descanso está em olhar para o Senhor, não para nós mesmos. Seremos livres de nosso eu, na medida em que olhemos para o Senhor. Descansemos na obra consumada do Senhor Jesus Cristo, não em nossa experiência cambiante. A verdadeira vida espiritual não depende de contínuos exames de sentimentos e pensamentos, mas sim de olhar para o Salvador.
Deus jamais nos priva de nossa liberdade. Deus não levará a termo nada sem nossa colaboração ativa. Nem Deus, nem o demônio podem fazer nada através de nós sem antes ter obtido nosso consentimento, porque a vontade do homem é livre.
Originalmente, o espírito do homem era a parte mais nobre de todo seu ser, e a alma e o corpo lhe estavam sujeitos. Em condições normais, o espírito é como um amo, a alma é como um mordomo e o corpo é como um criado. O amo encarrega assuntos ao mordomo, que, por sua vez, ordena ao criado que os execute. O amo dá ordens ao mordomo em particular. O mordomo parece ser o dono de tudo, mas, na realidade, o dono de tudo é o amo.
Que perigosa é uma emoção humana, quando é dona das circunstâncias!
Nosso Senhor nunca nos cobra pelo quanto fazemos; Ele só inquire de onde procede o fazer.
A cada momento estamos precisando da força que vem do Senhor. O que recebemos num determinado momento é bom para essa ocasião. Não existe a possibilidade de guardarmos um pouquinho para depois. Assim é a vida completamente unida ao Senhor, que vive na dependência exclusiva dele.
Dizeis que vosso mau gênio persiste, mas a resposta de Deus é que fostes crucificados.
Dizeis que vossas paixões continuam sendo muito poderosas,
mas novamente Deus replica que vossa carne foi crucificada na cruz.
De momento, façam o favor de parar de olhar suas experiências e ouçam o que Deus lhes diz. Se não escutarem sua Palavra e em lugar disso observarem continuamente sua situação, jamais viverão a realidade de que sua carne foi crucificada na cruz. Não façam caso de seus sentimentos e de sua experiência. Deus declara crucificada sua carne, e conseqüentemente, ela foi crucificada. Respondam simplesmente à Palavra de Deus e terão experiência. Quando Deus lhes diz que «sua carne foi crucificada», devem responder: “Amém, é verdade que minha carne foi crucificada.” Atuando desta maneira, segundo sua Palavra, comprovarão que sua carne está verdadeiramente morta.
Para possuir esta morte não devemos dedicar muita atenção a investigar ou observar nossas experiências. Em vez disso devemos acreditar na Palavra de Deus. “Deus diz que minha carne foi crucificada e por isso acredito que está crucificada. Reconheço que o que diz Deus é verdade.” Respondendo desta maneira logo nos encontraremos com a realidade disto. Se primeiro olhamos o ato de Deus, nossa experiência virá a seguir.
O bom da carne não é em nada melhor que o mau, posto que ambas as coisas pertencem à carne.
A diferença entre o bem que provém da carne e o bem que surge da nova vida é que a carne sempre tem o eu no centro. É o meu eu que pode fazer — e faz — o bem, sem necessidade de confiar no Espírito Santo, sem necessidade de ser humilde, de esperar em Deus, de orar a Deus. Posto que é o eu quem quer, penso e faço sem necessidade de Deus, e que, em conseqüência, considero o quanto melhorei, a altura a que cheguei com meu próprio esforço, então não é inevitável que eu me atribua a glória? É evidente que estes atos não levam as pessoas a Deus; em vez disso, enchem o eu.
Se não damos à carne oportunidade de pecar, ela está disposta a fazer o bem, e embora lhe dê oportunidade de fazer o bem, logo voltará a pecar.
Temos que entender que dentro do homem há dois princípios de vida diferentes. São muitos os que vivem uma vida mista, obedecendo a um destes preceitos agora, e depois ao outro. Algumas vezes dependemos totalmente da energia do Espírito; em outras ocasiões misturamos nossa própria força.
Naqueles dias, os homens criam que o Senhor tinha poder para curar enfermidades, mas duvidavam da sua graça para perdoar. Hoje os crentes crêem no seu poder para perdoar, mas duvidam da sua graça para curar. Confessam que o Senhor Jesus veio para salvar os homens de seus pecados, todavia ignoram o fato de que ele é igualmente o Salvador que cura.
- Trechos do Livo "O Homem Espiritual", de Watchman Nee.
Nenhum comentário:
Postar um comentário