Cris apoiou o rosto frio na mão quente de Ted. Resolveu avançar e lançar alguns sentimentos duvidosos na rede que ele segurava com paciência nas águas profundas do coração dela.
- Ted, estou com medo de ser muito difícil nos casarmos.
- Ãhã.
- Nós dois teremos de fazer ajustes imensos. Somos opostos em muitos aspectos.
- Ãhã.
- Sua postura diante da vida é diferente da minha. Você enxerga as coisas por outro ângulo. Não penso do mesmo jeito que você.
- Isso é bom. Ted segurou o cabelo dela. Não considero essas diferenças um problema.
- Claro que não! É isso que estou dizendo. O que é importante pra mim é desprezível pra você.
- Creio que seja bom sermos diferentes, disse Ted. Vamos dar equilíbrio um ao outro.
- Eu acho que isso vai trazer muitas dificuldades pra nós.
Ted pegou uma grande mecha do cabelo dela e esfregou a ponta nos lábios.
- Ted, não sei se nos conhecemos tão bem quanto pensamos que conhecemos. Temos à nossa frente uma porção de acertos a fazer.
- E a vida toda pra trabalhar nisso.
Ted a puxou para si, até que a cabeça dela encostou no ombro dele. Prosseguiu com voz calma:
- Descobrir coisas sobre o outro e fazer os acertos necessários fazem parte do que torna um relacionamento vivo e sempre crescente. Espero ansioso por essa porção do nosso futuro.
- Eu não. Cris ouviu ela mesma dizer. Acho que cada um de nós vai tirar o outro do sério. Sou determinada demais a organizar tudo e você é tão espontâneo, tão, tão... imprevisível.
- É, acho que sou mesmo. Do que foi que a Katie me chamou um tempo atrás, naquele nosso acampamento?
- Katie disse que você sofria de “deficiência de detalhes”.
Ted riu e puxou a cabeça de Cris até encostá-la no ombro dele.
- Sabe o que eu penso? perguntou Ted. Que todos sofremos de deficiências, temos áreas em que somos limitados. Você me ajuda onde sou fraco e eu a ajudo onde você precisa. É isso que nos torna fortes quando estamos juntos.
Cris passou o braço pela cintura de Ted e se aconchegou nele. Com um suspiro, disse:
- Não sei, Ted. Espero que você tenha razão. Katie diz que sofro de “mania de arrumação”, que tenho de ter tudo no lugar o tempo todo pra ser feliz.
Ted riu novamente.
- O que eu acho, Kilikina, é que Deus nos uniu pra eu aprender com você a ter disciplina na vida espiritual e você aprender comigo a alegria de andar pela fé. Fomos feitos um para o outro.
Cris pegou a mão de Ted, levou-a aos lábios e beijou-a três vezes, uma para cada cicatriz que ficou depois do grave acidente de carro em que ele quase morrera no outono anterior.
- Espero que você tenha razão, disse ela.
- Eu tenho.
- Trecho do Livro "Eu Prometo - Série Cris e Ted 03", de Robin Jones Gunn.
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